(Hereros Angola, BRA, 2013)
Direção: Sérgio Guerra
Roteiro: Marcelo Luna
Duração: 99 min.
Nota: 7
Descendente dos bantos, os hereros são os povos que se estabeleceram no sudoeste de Angola, na África. Resistentes à modernidade, eles mantêm as tradições de seus ancestrais. Hereros Angola tenta explicitar essa cultura milenar, acompanhando todas as fases da vida daquele povo.
Belíssimas imagens, captadas pelas lentes do diretor de fotografia Hamilton Oliveira, introduzem o espectador em uma realidade que é bastante diferente daquela que ele está acostumado a vivenciar e ver nas telas. Uma espécie de prólogo visual, aposta em uma narrativa com pausas aleatórias e agrada.
Alternando as fases de contemplação, profundamente baseadas no visual e em descrições orais, com entrevistas e imagens dos rituais, o filme apresenta um ritmo irregular e, por mais de uma vez, tem-se a impressão de que ele só não se torna maçante pela violência de muitas das passagens inseridas no corte final, como o ritual de circuncisão ou o sacrifício de animais.
O mais interessante de Hereros Angola é que o filme consegue ser baseado em uma cultura completamente diferente, distante ou isolada, mas ainda tem muitas similaridades com qualquer outro povo do mundo. A dor da perda, a demonstração de poder, o preconceito com o que é diferente. Tudo lá, exatamente como é cá. Claro que os métodos são diferentes, que os valores não são os mesmos, mas a identificação é muito clara.
Se há identificações, o que é completamente diferente também está no filme. É curioso ver uma tribo que aprendeu a lidar com o ciúme e tem os métodos de manter a tradição familiar, assim como é curioso acompanhar cerimônias tão específicas e cheias de significado para aquele povo.
Contando com entrevistados carismáticos e interessantes, o recorte de Sérgio Guerra possibilita que todo o ciclo de vida de um herero esteja no filme, do nascimento até a morte. Assim como faz questão de destacar também a influência – ainda controlada – da sociedade externa na tribo. A relação dos personagens com a bebida, por exemplo, é melancólica.
Um bom documentário, com um objeto bastante curioso. Aqueles que não gostam do gênero ou precisam de filmes mais agitados podem não gostar tanto, mas ainda assim ficaram satisfeitos pela descoberta de uma realidade tão diferente daquela que vivencia.
Um Grande Momento:
Explicando os namorados.
Links
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