(The Butler, EUA, 2013)
Direção: Lee Daniels
Elenco: Forest Whitaker, David Banner, Oprah Winfrey, Michael Rainey Jr., LaJessie Smith, Mariah Carey, Alex Pettyfer, Vanessa Redgrave, Cuba Gooding Jr., Lenny Kravitz, Robin Williams, John Cusack, James Marsden, Minka Kelly, Liev Schreiber, Nelsan Ellis, Alan Rickman, Jane Fonda
Roteiro: Danny Strong, Wil Haygood
Duração: 132 min.
Nota: 3
Inspirado na vida de Eugene Allen, que serviu como mordomo para oito presidentes norte-americanos em mais de 30 anos, O Mordomo da Casa Branca é um filme estarrecedor.
Estarrecedor porque transforma este personagem, aqui chamado de Cecil Gaines, em um herói de sua pátria. Um herói às avessas: é um personagem passivo, antipático, alienado, que serve aos seus patrões-presidentes sem nunca tomar uma posição, sem nunca fazer um questionamento. É um mero fantoche.
É engraçado como o cinema norte-americano de tempos em tempos elege personagens comuns de forma a enaltecer a pátria. Faz parte da cultura ianque este ufanismo piegas, que aqui adquire contornos perigosos pois o mordomo é aquele que não vê, não pensa e é facilmente manipulável. Quando consegue ter alguma ciência do mundo que o rodeia, já é tarde demais para ter uma relação mais crítica.
Lee Daniels, cujo histórico como diretor tem atrocidades como Preciosa –Uma História de Esperança e Obsessão, continua com apetite voraz em se tornar o pior cineasta da atualidade. Em O Mordomo da Casa Branca ele sequer se esforça em criar uma unidade estética em um filme com tantas mudanças temporais, fazer algo que minimamente não lembre um recorte de situações montado como um telefilme barato. Não há arrojo, não há acabamento, não há um plano que pareça minimamente pensado.
Forest Whitaker, que quando quer é bom ator, aqui se limita a fazer de seu Cecil um tipo aborrecido e careteiro. O personagem – que nasceu escravo e termina sendo homenageado pelo primeiro presidente negro da América, Barack Obama – parece estar ali somente para servir de escada para toda uma gama de celebridades, de Oprah Winfrey a Lenny Kravitz.
Curiosamente, os presidentes retratados ao longo da história são encarnados por atores como Robin Williams (Einsehower), John Cusack (Nixon), James Marsden (Kennedy), Liev Schreiber (Lyndon Johnson) e Alan Rickman (Reagan), em uma disputa cômica na qual todos deveriam se envergonhar.
O filme só ganha alguma dramaturgia quando o personagem principal entra em conflito com o filho, ativista do movimento negro, e os conflitos raciais finalmente são expostos de uma forma incisiva, mas essa subtrama acaba se perdendo dentro da colcha de retalhos.
É uma lástima que tantos tenham comprado este O Mordomo da Casa Branca, que é muito mais nocivo do que se possa imaginar.
Um Grande Momento:
Vanessa Redgrave em cena.
Links
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