Crítica | FestivalMostra de Tiradentes

Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?

(Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?, BRA, 2015)

Documentário
Direção: Luiz Paulino dos Santos
Roteiro: Luiz Paulino dos Santos
Duração: 70 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Nos anos 60 e 70, o baiano Luiz Paulino dos Santos era engajado no cinema. Começou o projeto Barravento, do qual assina o roteiro; produziu Deus e o Diabo na Terra do Sol, e dirigiu os longas Mar Corrente e Crueldade Mortal. Entre seus curtas, dirigiu Ikatena! Vamos Caçar, que fala sobre as crianças da tribo Zoró, lançado em 1983.

Depois de uma longa pausa do cinema, e mais de 30 anos depois do lançamento do curta, Luiz Paulino volta à direção com Índios Zoró – Antes, Agora e Depois? A ideia do diretor era revisitar aquela tribo e ver o que haveria mudado com a intromissão do homem branco. Bom, como se pode antecipar, muita coisa.

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Embora algumas tradições se mantenham, a maior parte da cultura indígena foi perdida com a subjugação de sua cultura, a imposição de uma outra que nada tinha a ver com aquele povo e a doutrinação evangélica.

O curioso do documentário é como a ideia inicial do diretor se transformou em algo completamente diferente. Diante de tudo o que encontra, Luiz Paulino assume o lugar de protagonista de sua história. O documentário sobre os índios se transforma, com uma naturalidade ímpar, em um documentário de alguém que não encontrou aquilo que estava procurando.

O choque do diretor é facilmente assimilado pelos espectadores com a mescla de imagens atuais com as de Ikatena! Há toda uma desvirtuação daquele grupo com a impossibilidade de ignorar o progresso, a criação de uma nova relação com a natureza e tentativas de resgate daquilo que os definia enquanto tribo e indivíduos.

A questão indígena, sempre relegada a segundo plano, merece a atenção que revisitações como essas que Luiz Paulino vem fazendo. A possibilidade que os próprios índios têm de se verem em um momento do passado, enquanto ainda tinham certa autonomia na educação e organização é, talvez, uma das melhores maneiras de fazer com que a auto-estima, que foi propositalmente destruída seja recuperada.

Porém, mesmo com tantos pontos positivos, na forma e no conteúdo, Índios Zoró – Antes, Agora e Depois? tem alguns problemas complexos, como a duração excessiva de algumas passagens e o uso precário de algumas técnicas. A repetição e algumas divagações metafísicas do diretor também podem incomodar.

Mas ele é uma figura e o filme passa a mensagem importante que veio passar.

Um Grande Momento:
Evangélicos.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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