(Room, IRL/CAN, 2015)
Direção: Lenny Abrahamson
Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers, Amanda Brugel, Joan Allen, William H. Macy, Tom McCamus
Roteiro: Emma Donoghue (romance e adaptação)
Duração: 118 min.
Nota: 7
É na claustrofobia e na confusão de sentimentos que O Quarto de Jack aposta a suas fichas. A claustrofobia de uma jovem mãe e seu pequeno filho no espaço mínimo onde são mantidos em cativeiro, e na também claustrofóbica confusão de sentimentos que se segue à libertação de ambos, que consegue ser ainda mais desesperadora e angustiante do que a vivida antes.
Pelas mãos do diretor irlandês Lenny Abrahamson, o público é introduzido no universo de “mãe” e Jack, ainda no pequeno espaço onde estão aprisionados. Aquelas duas pessoas, cercadas por paredes decrépitas e tapetes manchados, em um cômodo que abriga quarto, banheiro e cozinha, estabelecem uma rotina que seguem a risca para não enlouquecer.
É a manhã do aniversário de Jack. Ele completa cinco anos e, pela primeira vez, vai fazer um bolo de aniversário como os que ele vê na televisão, uma caixa que mostra fantasia e mágica, segundo ele acredita. Em pequenos gestos e atitudes é possível perceber a devoção que o pequeno tem pela mãe e o amor incondicional que ela nutre por ele.
Se o trailer antecipa muito mais do que precisava, ele não consegue mostrar que O Quarto de Jack vai muito além da vida dos dois no cativeiro; da presença incômoda do Velho Nik, responsável pelo sequestro da mãe, ou da vida após a fuga. A questão psicológica é muito mais importante do que as pessoas e os espaços.
Com um roteiro adaptado por Emma Donoghue, a própria autora do livro em que o filme se baseia, o longa-metragem analisa questões como medo, culpa, egoísmo e outras tão comuns ao ser humano, principalmente quando submetido a situações limites, como no caso.
Abrahamson, apesar de se perder às vezes em obviedades cênicas e no melodrama mais gratuito, consegue trabalhar muito bem com a trama que tem em mãos, criando toda a necessária atmosfera claustrofóbica e superando as expectativas na hora de imprimir uma tensão real ao que se vê.
Muito de O Quarto de Jack está nas atuações. Brie Larson realmente está muito bem como a mãe, mesmo que injustamente tentem desmerecer seu trabalho e atribuir o destaque recebido à vontade de renovação das estrelas de Hollywood. A atriz, que já se destacara no passado no filme Temporário 12, consegue transmitir todo desgaste e desconforto de sua personagem.
O jovem Jacob Tremblay também se destaca. Ressalvando-se aqui a dificuldade em analisar atuações de crianças tão jovens, é impressionante como ele consegue recriar o seu personagem a medida em que é exposto a novas situações. A irritabilidade da criança cativa; o medo frente ao desconhecido; a adequação, sempre tão mais fácil aos de pouca idade, e a alegria ao se sentir seguro.
Para completar, Joan Allen está muito bem como Nancy, a avó de Jack que reencontra a filha após sete anos de desaparecimento. Assim como William H. Macy, que em uma participação menor, consegue expor toda a dificuldade em lidar com a nova situação.
Apesar de ser terno e, de certo modo, positivo, O Quarto de Jack é um filme triste, angustiante, e que fica com o espectador algum tempo depois da projeção. Não por ser uma obra de arte perfeita e inesquecível, mas por tocar de forma crível e efetiva em pontos que fazem parte da humanidade de todos os que o assistem.
Um Grande Momento:
Furgão.
Oscar 2016
Melhor Atriz (Brie Larson)
Links
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=IeM5qJp2v8Y[/youtube]