Suspense
Direção: Carlo Milani
Direção: ELENCO
Roteiro: Lúcia Machado de Almeida (romance), Melanie Dimantas, Ronaldo Santos
Duração: 90 min.
Nota: 5
Durante muitos anos no Brasil, os estudantes de primeiro grau tinham como tarefa ler os títulos de uma série infanto-juvenil bem conhecida. Era a Coleção Vagalume (naquela época ainda não existia o acordo esquisito que colocou um hífen no meio da palavra vaga-lume) e contava com vários títulos interessantes de aventura e suspense. De todos, um fazia bastante sucesso: “O Escaravelho do Diabo”.
O livro, escrito por Lúcia Machado de Almeida, era daqueles devorados em pouco tempo, já que todo mundo queria saber quem era o serial killer que saiu matando ruivos em Vale das Flores. E ai de quem lesse mais rápido e contasse o final para o colega. Era infração grave, como é hoje com os seriados.
Muitos anos depois do lançamento, a história, que tem inspiração nos romances de Agatha Christie, ganhou uma adaptação cinematográfica. Mantendo os mesmos elementos, a adaptação ficou a cargo de Melanie Dimantas e Ronaldo Santos, enquanto Carlo Milani assumiu o posto de diretor.
Claramente voltado para o público infanto-juvenil, o filme começa com uma cena de susto em um cemitério e depois de uma rápida apresentação de Hugo, o detetive mirim protagonista, o suspense vai ganhando corpo.
Bastante influenciado pela estética televisiva, Milani erra ao imprimir uma aura sobrenatural ao serial killer. Embora está também estivesse no romance, há um exagero prejudicial. Além de quebrar o ritmo, as passagens são cansativas e gratuitas, já que existe ali uma história que conseguiria prender o público sem o uso desses artifícios. Na tentativa de criar uma maior tensão, acaba afastando o público.
Além disso, há problemas com as atuações, que, em sua maioria, são ou travadas, ou exageradas demais. O desequilíbrio atrapalha até mesmo os bons atores presentes no elenco, como é o caso de Marcos Caruso, que vive o delegado Pimentel; Augusto Madeira, como seu ajudante na delegacia, e Jonas Bloch, como o padre Paulo Alfonso.
Mas, mesmo com todos os equívocos e excessos, o que se vê na tela está apoiado em uma trama interessante, que desperta a curiosidade de quem está assistindo ao filme. Além de contar com um fator auxiliar, o saudosismo de quem há muito tempo atrás leu o livro. A manutenção de uma aura “antiga” cativa o público mais maduro, porém não é tão bem vista pelos mais novos.
O Escaravelho do Diabo deixa a impressão de um filme com potencial inexplorado. Ainda que agrade por trazer à tela algo que fez parte da cultura de algumas gerações, não consegue cumprir sua tarefa satisfatoriamente. Mas, ainda assim, consegue sobreviver pela força do suspense que realiza.
Um Grande Momento:
Nada tanto assim.
Links
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