Drama
Direção: Lionel Baier
Elenco: Patrick Lapp, Carmen Maura, Ivan Georgiev, Adrien Barazzone, Nina Théron, Pierre-Isaie Duc
Roteiro: Lionel Baier, Julien Bouissoux
Duração: 75 min.
Nota: 6
Sozinho no mundo, com um câncer terminal, o arquiteto David Miller não quer mais viver. Ele procura uma clínica especializada e opta pelo suicídio assistido, prática permitida na Suíça. O local escolhido é um hotel decadente projetado por ele e sua falecida esposa, que também está prestes a fechar as portas.
Em plena temporada das festas natalinas é a melancolia do fim que dá o tom ao longa-metragem La vanité, dirigido por Lionel Baier (Un autre homme). O filme une em um mesmo universo três pessoas completamente diferentes mas complementares, e faz com que suas histórias de vida, fracassos, escolhas, crenças e descobertas ganhem profundidade justamente com a interação entre eles.
Baier, que também assina o roteiro ao lado de Julien Bouissoux, não faz nenhuma questão de esconder a teatralidade de seu projeto. Pelo contrário, usa isso para fortalecer a discrepância entre o real e o onírico, que dividem espaço durante todo o filme.
Entre passagens fantasiosas e momentos de suspense que flertam com o terror, La vanité faz um inventário de todos os esqueletos que David e sua acompanhante Carmen fizeram questão de esconder no armário durante suas vidas.
O filme ainda brinca com isso ao fazer com que o terceiro personagem, vizinho de porta do casal, seja a representação da descoberta desses segredos escondidos. Subvertendo clichés e conceitos pré-definidos, ele é o que tem menos a esconder, mais a ensinar e que conduz a trama a uma análise ainda mais dura do fim.
O jogo proposto pelo longa de comparar o ambiente – tanto em seu presente quanto em seu passado – com aqueles que nele perseguem algo, traz uma série de questões ao espectador e atinge seu ápice ao relacionar aquela decadência com a situação atual da Europa, onde o velho e preconceituoso não só tem que aprender a conviver com aquilo que desconhece e vem de fora, como precisa dele para realizar sua intenção.
Além de toda a criatividade e uma direção de atores muito segura, o longa-metragem não chegaria ao mesmo lugar se não fossem as qualidades do trio central. Afiados, Patrick Lapp (Longwave – Nas Ondas da Revolução), Carmen Maura (Volver) e Ivan Georgiev (Kleiner Sonntag) estão completamente integrados ao texto, entregues a seus personagens e fazem a diferença.
Mesmo que tenha algumas escorregadas pelo caminho e por vezes não consiga impressionar, La vanité é um bom filme, cheio de camadas a serem exploradas.
Um Grande Momento:
A música alta, o lugar vazio.
Links
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