- Gênero: Comédia
- Direção: Charles Van Tieghem
- Roteiro: Stanislas Carré de Malberg, Charles Van Tieghem
- Elenco: Manon Azem, Nada Belka, Jordan Tortorello, Mickaël Lumière, Eloïse Valli, Constance Arnould, Fadily Camara
- Duração: 88 minutos
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Tem pessoas que não conseguem ser mais do que apenas bons amigos mesmo. Por melhores que sejam, por mais carinhosas, por mais inteligentes e charmosas, por mais presentes, românticas e até bonitas, o sex appeal não fez morada por ali, e um bom partido passa sem ser notado, com a eterna pecha de ser alguém muito especial, porém encerrando suas atividades na amizade, sendo nem possível de fazer notar sua presença emocional/sexual. O Melhor Amigo, estreia de hoje da Netflix, fará muita gente se reconhecer (uhum!) na história de Titi, o cara que nasceu para ser o que ninguém gostaria de ser: apenas o ombro amigo.
Escrito e dirigido por Charles Van Tieghem em sua estreia, o filme gira em torno de um personagem que demora para revelar-se, levando ao espectador alguns momentos dispensáveis na tentativa de criar algo em torno de um charme misterioso a respeito da natureza de Titi; são muitas pistas falsas dadas sobre sua personalidade, para esconder algo muito simples: nosso protagonista simplesmente não consegue se mostrar interessante a qualquer garota, e vive numa zona da amizade eterna com o sexo oposto. É confortável para sua timidez, é seguro para quem não está preparado para o desconhecido, mas ainda assim o faz sofrer.
Com um primeiro terço incômodo, nas raias do irritante, por não conseguir definir seu personagem para além de uma infantilidade exacerbada, um deslocamento de sua natureza que o eleve de seus equívocos de figurino, de gestual, de linguajar e que soam todos muito forçados, o filme é mesmo uma comédia romântica dessas inofensivas e absolutamente esquecíveis, tirando o grupo que se identificar com a forma em como esse protagonista é não apenas visto socialmente como também se porta em relação a seus próprios desejos, apagados por uma atitude complacente diante de tudo.
O filme é cercado de canções pop das mais deliciosas (“What’s Love got to do with it”, Tina Turner, “Wouldn’t it be Nice”, Beach Boys, entre muitos outros) e que compõem um quadro cinematográfico que não tem muito a dizer a dizer que não promover esse reconhecimento já citado, e promover alguns bons momentos de relaxamento. O problema é que o filme é assolado por uma quantidade de clichês que parece não ter fim, e o que eventualmente não é das coisas mais batidas, como a amizade entre Titi e o trio de jovens mulheres, que acima de sua “novidade”, soa muito inverossímil.
Com um elenco jovem, bonito e talentoso, O Melhor Amigo é diversão ligeira e descartável, sem um atrativo maior que não passar o tempo em um fim de semana depois de dias agitados. Sem pretensões narrativas que o carreguem para um lugar de destaque, o filme corrobora as alegações de que o streaming, apesar de todos os esforços que semanalmente aportam, trabalha com uma espécie de algoritmo particular para produzir coisas sem contra-indicação como esse filme, que não acrescenta muita coisa a vida de ninguém, e ainda tem alguns breves arroubos machistas bem desnecessários. É ver, sorrir e esquecer.
Um grande momento
Beach Boys