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Sem Saída

Um vilão muito divertido

(No Exit, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Damien Power
  • Roteiro: Andrew Barrer, Gabriel Ferrari, Scott Frank
  • Elenco: Havana Rose Liu, Danny Ramirez, David Rysdahl, Dale Dickey, Dennis Haysbert, Mila Harris
  • Duração: 94 minutos

Não tem nada em Sem Saída, estreia de hoje do Star+, que não seja genérico e reciclado, um daqueles exemplares que já vimos tantas vezes que chegam a cansar. São tantas reviravoltas, e tantas ressignificações de trama que em determinado momento parece que estamos já vendo o terceiro filme derivado dentro daquele comboio já testado anteriormente. O mais impressionante de toda essa epopéia sanguinária é que… olha, as coisas funcionam. Provavelmente graças aos deuses do cinema, esse produto feito de maneira bastante repetitiva envolve e entretém durante sua breve duração, e chegamos ao final com a impressão de que não precisa de muito mais que isso para um passatempo.

Costumo declarar que não há tipo melhor de “filme ruim” do que um thriller de suspense por que no meio de tanta correria e plots, acabamos nos convencendo de que a descarga de adrenalina fornecido pelo produto nos dá aquele prazer culpado que faz valer a pena qualquer bobagem. Essa é a sensação ao término dessa segunda incursão na direção de longas de Damien Power, que conduz a tensão narrativa com segurança. Seu trabalho em curtas metragens e a experiência anterior deram gás ao jovem, que entrega um produto minimamente redondinho, feito sob medida para não nos provocar mais do que emoções baratíssimas, e logo depois voltarmos ao ponto morto.

O filme é baseado num romance escrito por Taylor Adams e segue uma jovem adicta em recuperação que se mete numa enrascada no meio da neve, quando tentava visitar a mãe internada. Uma situação que pula de claustrofobia em claustrofobia, quando a personagem segue de uma situação a outra onde está constantemente presa, vigiada e sendo alvo de desconfiança. Esse é um mote que propicia que compremos a ideia da protagonista muito rapidamente, uma pessoa que só troca de problemas, que a perseguem. Quando ela é transformada em mocinha defensora de uma criança sequestrada por alguém que ela precisa descobrir quem é, já estamos do lado dela.

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Sem Saída (2022)
20th Century Studios

Não há também uma preocupação muito alongada em esconder a identidade do culpado pelo sequestro; são poucos personagens em cena, a situação é limite o suficiente, e o filme, como já dito, empilha algumas novas descobertas de 15 em 15 minutos, o que garante a diversão. Ao contrário disso, o filme tenta se encarregar de provocar o espectador sempre na direção da apreensão com o próximo ato em cena, geralmente com carga de violência crescente em relação a cena anterior, sucessivamente. Além de tudo, o filme é bem feitinho em sua carpintaria cinematográfica, não promove nenhuma revolução no gênero, mas também não envergonha.

Tem outro dado que anima em Sem Saída, que é a construção do seu vilão. Sabem aquelas figuras cuja face doentia é crescente, sua descarga de propósitos violentos não parecem ter limites e cuja psicopatia vai sendo revelada em cenas cada vez mais insanas? Pois é esse o tipo em questão. Lógico, não há nada de original no que ele faz, mas seu intérprete carrega as cenas de um olhar cheio de motivações, nos fazendo torcer do início ao fim pela sua derrocada, como nas melhores novelas. Como se trata de um colcha de clichês e o filme até conta com inúmeros facilitadores de roteiro, que precisamos fingir não notar, fica claro que estamos diante de um filme modesto.

Com um elenco todo muito dedicado em cena, provavelmente muito se deve ao acanhado sucesso de Sem Saída ao seu diminuto elenco, seis pessoas presas numa nevasca em situação de sequestro, cárcere e posterior banho de sangue. Apenas Dale Dickey (de Inverno da Alma) e Dennis Haysbert (de 24 Horas) são rostos reconhecidos com facilidade, mas todos estão firmes no propósito de divertir a audiência por rápidas 1 h e meia, antes que esqueçamos por completo a sessão e passamos para o próximo bolo de fábrica com um sabor não tão artificial assim.

Um grande momento
Prego na testa

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Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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