- Gênero: Guerra
- Direção: Erik Skjoldbjaerg
- Roteiro: Erik Skjoldbjaerg, Christopher Grøndhal, Live Bonnevie
- Elenco: Kristine Hartgen, Carl Martin Eggesbø, Billy Campbell, Kari Bremnes, Stig Henrik Hoff, Henrik Mestad, Christoph Bach, Isak Bakli Aglen
- Duração: 105 minutos
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É preciso uma dose de coragem para colocar no ar uma produção europeia de guerra exatamente na semana das indicações ao Oscar, justamente na Netflix, que tem no alemão Nada de Novo no Front sua única indicação na categoria principal, e virtual vencedor em filme internacional. Esse Narvik, produção norueguesa que está fazendo sucesso na mesma plataforma, é correto e comedido, tem boa produção e um casal de protagonistas muito bom, mas infelizmente pouca coisa o torna especial. Não é o caso de estar diante de um projeto burocrático, a verdade é que mesmo em meio aos seus esforços, o filme não consegue se fazer notar para longe de comparações com outros títulos.
Erik Skjoldbjaerg é o diretor do Insônia original, que depois seria refilmado por Christopher Nolan, mas aqui seu talento não está em evidência. Na linha de frente está a tentativa de conceber uma narrativa que abarque mais uma vez os conflitos decorrentes da Segunda Guerra Mundial, equilibrando o foco entre os eventos macro e os micro, dentro da política. O casal Tofte está em lugares díspares do conflito – ele dentro da zona de guerra dentro da própria ilha, ela empregada como tradutora dos alemães que invadiram seu espaço. Ambos tentam sobreviver ao estado das coisas, e ambos são confrontados com ameaças que podem fazê-los perder-se, um do outro.
Contudo, o filme encampa seu roteiro em meio ao convencionalismo de um gênero que existe desde que o cinema surgiu, o drama de guerra. O que é visto em Narvik não se diferencia muito do que está na cartilha há 100 anos: desencontros político-amorosos, o horror do front, a tentativa de sobrevivência em meio a traições, e o casal protagonista se afastando um do outro. É um tipo de cinema que parece já ter perecido e que sobrevive graças aos esforços dos fãs, que ainda se interessam por um roteiro como esse, e não se importam em acompanhar algo genérico. Não há esforço que se mostre superior ao que o filme propicia, mas o espectador sem exigências consegue se envolver com o material.
O ponto alto de Narvik é seu casal protagonista, que fica mais separado do que junto, e é exatamente isso que propicia nossa torcida pelo melodrama. Kristine Hartgen e Carl Martin Eggesbø fazem mais do que o esperado pelo filme, e acabam roubando as atenções do trabalho de Skoldbjaerg. Com química de sobra quando juntos, são dois personagens que protagonizam tomos particulares e encantam pelo carisma e pelo trabalho de entrega. Hartgen é o coração do título, e a atriz consegue transmitir toda a insegurança da personagem, que se deixa levar pela salvação da família. Eggesbø é o corpo da produção, mas que consegue sintonizar suas emoções para dentro do jogo corporal; tanto Ingrid quanto Gunnar estão em mãos hábeis.
Vindo de uma História tão longeva dentro do cinema, temos visto o drama de guerra retornar, de quando em vez, sempre como um espetáculo que denuncia as atrocidades cometidas. A modéstia também impede Narvik de se destacar nesse lugar, já que trata-se de uma produção menos abastada. Saltam aos olhos umas duas ou três sequências isoladas que criam a impressão de algo maior do que temos, mas que são bastante específicas. Tais cenas mostram que existe uma tentativa na produção, mas sem o apuro necessário e com uma narrativa que já vimos tantas vezes antes, a produção norueguesa não consegue criar algo além de expectativa, do início ao fim, para nunca se cumprir.
Um grande momento
A explosão da casa de Ingrid