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“Memórias de um Esclerosado” é o grande vencedor do Cine PE 2024

"Hoje Eu Só Volto Amanhã" é o curta metragem vencedor de sua categoria

Em uma edição que nasce histórica, onde alguns concorrentes trataram sobre as condições de PCDs e ousaram mostrar histórias onde esses personagens fossem vistos sem afetação ou clichês, o grande vencedor da 28a. edição do Cine PE foi justamente o mais representativo desses concorrentes, Memórias de um Esclerosado, longa-metragem exibido na primeira noite da competição e desde lá recebido com pinta de favorito. Acompanhando a programação do festival, fica até a impressão de que poucos prêmios foram dados ao filme, embora ele tenha ganho 5 – melhor filme do júri oficial e popular, melhor roteiro, melhor trilha e um inacreditável prêmio de ator coadjuvante para o protagonista do filme, que é o personagem de um documentário (!!!!). O filme é um registro sem concessões acerca de um jovem cartunista gaúcho que é acometido de esclerose múltipla, e sua trajetória é contada por ele mesmo.

O sentido passou bem longe nas decisões dos dois júris, tanto de longas quanto de curtas-metragens. No primeiro caso, o fato de dividir os prêmios e não concentrar na produção dirigida por Rafael Corrêa e Thaís Fernandes parece mandar uma mensagem de que houve um equilíbrio na curadoria, quando não houve. Tentaram contemporizar com decisões bizarras, como a já citada de melhor ator coadjuvante, assim como os outros prêmios de interpretação, dadas as únicas oportunidades em cada categoria, já que não existiam filmes de ficção suficiente para que se configurasse uma disputa.

Entre os curtas, a seleção desse ano foi muito superior à de longas. Por isso, concentrar todos os prêmios entre 5 títulos – com um só filme contabilizando sete troféus – me parece fazer o contrário do que o grupo de longas. Títulos muito acima da média, como Sertão, América, Solange Não Foi Hoje e Dependências saírem sem qualquer menção, me parece uma decisão muito mais concentrada do que deveria. Ou seja, foram posturas diametralmente opostas entre os dois júris, que me parece que deveriam ter trocado de postos. Ainda assim, a animação Hoje Eu Só Volto Amanhã era realmente um dos grandes de sua categoria, e seus 7 troféus foram merecidos em sua maioria. Entre os curtas pernambucanos, o documentário Das Águas fez a festa com 4 prêmios, se tornando o maior de sua seleção.

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Veja abaixo, a lista de campeões do ano:

PRÊMIO CANAL BRASIL

Melhor Curta-Metragem – Hoje Eu Só Volto Amanhã (PE), de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano.

PRÊMIO DA CRÍTICA (ABRACCINE)

Melhor Curta Nacional –“Zagêro” (RS), de Victor di Marco e Márcio Picoli;

Melhor Longa-Metragem –“Invisível” (RJ), deCarolina Vilela e Rodrigo Hinrichsen

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS

Melhor Filme – “Das Águas”, de Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo;

Júri Popular – “Náufrago”, de Vitória Vasconcellos, com 37% dos votos;

Melhor Direção – Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo, por “Das Águas”;

Melhor Roteiro – Pedro Melo, por “Emocionado”;

Melhor Fotografia – Adalberto Oliveira, por “Das Águas”;

Melhor Montagem – Douglas Henrique, por “Emocionado”;

Melhor Edição de Som – Romero Coelho, por “Moagem”;

Melhor Direção de Arte – Letícia Rodrigues, por “Mãe”;

Melhor Trilha Sonora – Marolas Crew e todo o conjunto da obra, por “Das Águas”;

Melhor Ator – Guilherme Alves, por “Mãe”;

Melhor Atriz – Mariana Castelo, por “Emocionado”.

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS

Melhor Filme – “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE), de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano;

Júri Popular – “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE), de Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura e Rubens Caetano, com 45,6% dos votos;

Melhor Direção – As crianças e adolescentes da Comunidade de Macambira, por “Flores da Macambira” (ES);

Melhor Roteiro – Diego Lacerda, por “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE);

Melhor Fotografia – Ma Villa Real, por “Zagêro” (RS);

Melhor Montagem – Vinicius Lima e Rafael Souto, por “Resistência” (RO);

Melhor Edição de Som – Nicolau Domingues e Rafael Travassos, por “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE);

Melhor Direção de Arte – Diego Lacerda, Luan Hilton, Chia Beloto, Marila Cantuária, Juliette Perrey, Marcelo Vaz, Yuri Shmakov, Raul Souza, Gio Guimarães, Gabriel de Moura, Bruno Luna e Rubens Caetano, por “Hoje Eu Só Volto Amanhã” (PE);

Melhor Trilha Sonora – Vovô Romário, por “Flores da Macambira” (ES);

Melhor Ator – Victor di Marco, por “Zagêro” (RS);

Melhor Atriz – Juliana Araújo, por “Jogo de Classe” (SP).

MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS

 Melhor Filme – “Memórias de um Esclerosado”, de Thais Fernandes e Rafael Corrêa (RS);

Júri Popular – “Memórias de um Esclerosado”, de Thais Fernandes e Rafael Corrêa (RS), com 67% dos votos;

Melhor Direção – Carolina Vilela e Rodrigo Hinrichsen, por “Invisível” (RJ);

Melhor Roteiro – Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por “Memórias de um Esclerosado” (RS);

Melhor Fotografia – Luciana Baseggio e Mari Moraga, por “Geografia Afetiva” (SP);

Melhor Montagem – Rodrigo Séllos e Fernando Nicolletti, por “Invisível” (RJ);

Melhor Edição de Som – Rosana Stefanoni, por “Geografia Afetiva” (SP);

Melhor Direção de Arte – André Cortez, por “Cordel do Amor Sem Fim” (SP);

Melhor Trilha Sonora – André Paz, por “Memórias de um Esclerosado” (RS);

Melhor Ator – Alexandre Guimarães, por “No Caminho Encontrei o Vento” (PE);

Melhor Atriz – Marcia de Oliveira, por “Cordel do Amor Sem Fim” (SP);

Melhor Ator Coadjuvante – Rafael Corrêa, por “Memórias de um Esclerosado” (RS);

Melhor Atriz Coadjuvante – Helena Ranaldi e Patrícia Gasppar, por “Cordel do Amor Sem Fim” (SP).

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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