- Gênero: Suspense
- Direção: Kathryn Bigelow
- Roteiro: Noah Oppenheim
- Elenco: Idris Elba, Rebecca Ferguson, Jared Harris, Willa Fitzgerald, Anthony Ramos, Jonah Hauer-King, Greta Lee, Gabriel Basso, Kyle Allen, Jason Clarke, Tracy Letts
- Duração: 112 minutos
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O filme se passa em um tempo limitado, mas ele parece se alongar a cada decisão. Um míssil é detectado vindo do Pacífico, com destino provável a Chicago. Kathryn Bigelow, que sempre filmou bem o colapso do controle, indo da guerra ao terrorismo, volta aqui ao território que domina: o da tensão institucional, da crise que revela mais sobre quem manda do que sobre o inimigo.
Sem explosões e sem espetáculo, o que interessa em Casa de Dinamite é o rosto das pessoas presas numa sala, tentando decidir se apertam ou não um botão. Ainda que num lugar estadunidense de cansaço temático, o filme é um thriller envolvente, e Bigelow sabe como criar tensão. As câmeras se movem pouco, a montagem trabalha com cortes secos e o som é o que dita o pulso entre bipes, respirações e silêncios. O cinema dela sempre foi sobre ação, mas aqui é sobre espera, e o medo que mora dentro dela.
Idris Elba é o presidente. Não o herói, nem o símbolo. Apenas o homem que tem que escolher, com o mundo inteiro invisível atrás da tela. Ao redor dele, Jared Harris, Tracy Letts e Rebecca Ferguson constroem um ambiente de autoridade que se desmonta aos poucos. A força vem da hesitação e a dúvida é a verdadeira protagonista.
Bigelow sabe filmar espaços. Aqui, os corredores e as salas não são apenas cenário, são labirintos morais. Cada plano é um confinamento. Cada diálogo é um espaço do poder e da solidão. A câmera observa, mas não explica. Deixa o público tirar suas próprias conclusões.
Há, claro, um comentário político. O filme fala sobre decisões tomadas no escuro, sobre como as democracias se acostumaram a confiar nas sombras que teoricamente as protegem. Não que haja vilões determinados, mas as estruturas nocivas são apontadas. A crise é um pretexto para revelar a engrenagem e expor quem fala mais alto, quem silencia, quem hesita e quem finge não saber.
O risco da história é também o risco de forma. O foco quase absoluto na sala de crise reduz o alcance, ainda que aumente o impacto. A escala é mínima e o efeito é total. O mundo lá fora não aparece, e é justamente isso que o filme quer dizer: não há lá fora quando o medo toma tudo.
Casa de Dinamime é sobre o tempo, sobre o instante em que o erro pode virar tragédia e a certeza é um luxo que ninguém tem. Quanto a Kathryn Bigelow, ela continua filmando a ansiedade com a mesma energia de sempre. O relógio corre e, depois que o filme acaba, a gente continua ali esperando o barulho.
Um grande momento
A decisão de POTUS


