(Olhos Azuis, BRA, 2009)
É fato que a paranóia e a intolerância dos Estados Unidos aumentaram muito depois dos atentados ao World Trade Center e, com isso, a entrada de estrangeiros no país ficou cada vez mais complicada. Episódios de violência por parte da polícia de imigração ficaram conhecidos e pessoas sem motivo aparente foram proibidas de entrar em território estadunidense.
Essa é a premissa básica do filme Olhos Azuis, de José Joffily, que se inspirou em relatos de mal-sucedidas tentativas de migração para os Estados Unidos e no documentário “Blue Eyed”, de Bertram Verhaag, onde a terapeuta Jane Elliot cria um microcosmo de nossa sociedade e identifica instrumentos de dominação depois de incentivar a inversão de papéis .
Falado basicamente em inglês, com um elenco internacional e muitas imagens do sertão brasileiro, o longa narra uma jornada em busca de perdão. O personagem principal é Marshall, um oficial de imigração aposentado que tenta reverter o mal causado a um brasileiro que tentara voltar à sua casa.
Com boas intenções ao discutir a xenofobia, principalmente causada pela ignorância, e o peso da culpa, o filme não consegue ser maior do que todos os seus defeitos e vira uma experiência passageira e facilmente esquecível.
Deslizes como uma brasileira que fala inglês perfeito e desconhece palavras básicas, o médico do interior que nunca viu o paciente antes e, sem aparelhagem necessária, determina a gravidade de uma doença e outros chamam mais atenção do que deveriam.
Os clichês, presentes em todo o filme, não só determinam as personagens, tornando-as mais rasas do que poderiam ser, como antecipam acontecimentos, dando um inconfundível toque de enlatado estadunidense.
Por outro lado, o filme conta com a dedicação total do elenco, com destaque para a atuação de Irandhir Santos, como o discriminado Nonato, e a participação especial de Everaldo Pontes, em um dos momentos visuais mais bonitos.
Além disso, por sua dinâmica e pela reserva com os estadunidenses em questões de direitos humanos e afins, é facilmente assimilado pelo público e deve levar bastante gente às salas de exibição.
A questão é: isso não estimula o “troco” da discriminação, criando novos exemplos de generalização e estimulando uma prevenção?
Um Grande MomentoAvô e neta na varanda.
Drama
Direção: José Joffily
Elenco: David Rasche, Cristina Lago, Irandhir Santos, Erica Gimpel, Frank Grillo, Valeria Lorca, Pablo Uranga, Branca Messina, Everaldo Pontes
Roteiro: José Joffily, Jorge Durán, Paulo Halm, Melanie Dimantas
Duração: 105 min.
Minha nota: 5/10
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Abraços .