Direção: Stefan Ruzowitzky
Elenco: Eric Bana, Olivia Wilde, Charlie Hunnam, Kris Kristofferson, Sissy Spacek, Jocelyne Zucco, Treat Williams
Roteiro: Zach Dean
Duração: 95 min.
Nota: 5
A Fuga (Deadfall, EUA, 2012)
Essa tentativa de captar novos talentos do exterior para renovar o cinema dos Estados Unidos quase nunca dá bons resultados. Embora seja o sonho de muitos realizadores trabalhar em um mercado desenvolvido como o de Hollywood, o mais reconhecido do mundo, as coisas não são tão simples como parecem e outras exigências de produtoras, como facilitações da trama para o público consumidor e outros detalhes incômodos, sempre aparecem para estragar de alguma forma o resultado final.
O austríaco Stefan Ruzowitzky, diretor de Os Falsários e Anatomia, foi mais um a passar pela experiência e, infelizmente, confirmar a regra. Seu filme, A Fuga, demonstra alguma criatividade na concepção de passagens batidas em tramas do mesmo gênero e tem um apuro visual que vai longe do que estamos acostumados a ver também, mas acaba cedendo à facilidade de muitas explicações, justificativas e, claro, violência.
O filme mescla as histórias de Addison e Liza, um casal de irmãos que acabou de dar um golpe em um cassino e sofre um acidente de carro no momento da fuga e de um jovem boxeador que acaba de sair da prisão e vai tirar satisfações com o antigo treinador.
Apesar da relação dúbia entre os dois irmãos, uma tentativa de construção de personagens que se esforça para ser diferente e sequências que conseguem usar o visual a seu favor, como a cena do acidente e as cenas de sexo entre Liza e Jay, o filme não consegue sair do batido e acaba perdendo sua força da metade para o final.
A solução fácil para uma trama complexa (e que conseguiria chegar mais longe) frustra. A reviravolta atinge os personagens de maneira definitiva, fazendo com o que o dúbio Addison vire apenas mais um psicopata lunático e Liza resolva dissociar-se de sua relação dependente de uma hora para a outra, como se fosse a coisa mais fácil de se fazer.
Além da desconstrução dos personagens, o desfecho ainda conta com diálogos que, de certa forma, repetem tudo aquilo que já vimos em filmes com criminosos maníacos e, a partir de então, é só esperar para que aconteça exatamente o que sabemos que vai acontecer. De uma preguiça e falta de vontade tão grandes que o início eletrizante acaba sendo esquecido.
A sensação que fica depois de tudo em A Fuga é que a necessidade de explicitar a solução para todos os conflitos e encerrar literalmente todas as histórias são fundamentais para a derrocada da história. Falta sutileza, sensibilidade e crença na capacidade do espectador, como na maioria dos filmes americanos.
Aí fica a pergunta: pode ser um passo importante filmar por lá, mas realmente vale a pena?
Um Grande Momento:
O acidente.
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