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A Fuga da Mulher Gorila

(A Fuga, a Raiva, a Dança, a Bunda, a Boca, a Calma, a vida da Mulher Gorila, BRA, 2009)

O cinema depende muito da relação de cada indivíduo com o mundo, de tudo o que já foi vivido e das crenças individuais. É comum que um filme signifique muito para um e não tenha a menor importância para o outro. Algumas produções são adoradas e odiadas ao mesmo tempo, umas incomodam estes, mas não estabelecem vínculos com os outros.

A Fuga da Mulher Gorila, ganhador da última Mostra de Cinema de Tiradentes, coleciona críticas positivas e fãs, mas não conseguiu me envolver o suficiente para embarcar na viagem da mulher que abandona o marido e o filho recém-nascido e sai em viagens mambembes pelo país com sua irmã apresentando shows da Mulher Gorila.

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A viagem é a busca constante por um objetivo de vida e traz, junto com as frustrações pelo desconhecimento do nosso papel no mundo, um quê de nostalgia, tanto pela figura da Mulher Gorila, transformação presente nos parques de nossa infância, como pelas muitas marchinhas de carnaval lembradas.

Tudo muito no prumo e feito com muita dedicação, mas que foi atrapalhado pelo ritmo excessivamente lento e por detalhes que mais distraíram do que acrescentaram. Enquanto belos quadros, como o do ator prestes a entrar em cena como gorila ou das duas irmãs abraçadas no meio do verde, enchem os olhos, outros momentos, como o encontro com o marido numa espécie de carrocinha de cachorro-quente e a lavagem da fantasia; incomodam pela falta de verdade e acabam nos tirando do filme.

A trilha sonora by Raf Electronics, empresa que domina o mercado de videokê no país, também não ajudou muito.

Mas é um longa corajoso ao assumir suas limitações, ao misturar os gêneros musical e road-movie, e ao não deixar de lado sua característica autoral. Embora isso retome uma antiga discussão sobre produção cinematográfica e seu acesso público.

A Fuga da Mulher Gorila chega em um momento onde a busca por identidade é tema recorrente no cinema nacional e mistura sua viagem a outras como Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, Insolação e Hotel Atlântico.

Com estilo semi-documental, pode agradar a muitos, mas precisa de paciência para assimilação e de alguns momentos de reflexão sobre o que foi visto.

Para mim, independente de ter ou não potencial, o filme ficou no meio do caminho.

Um Grande Momento

Nada tanto assim.

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Drama
Direção: Felipe Bragança, Marina Meliande
Elenco: Morena Cattoni, Flori Dias, Pedro Freire, Alberto Moura Jr.
Roteiro: Felipe Bragança
Duração: 82 min.
Minha nota: 4/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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Wally
Wally
15/11/2009 09:08

Vou passar longe desse aí…

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