Crítica | FestivalFestival do Rio

A Garota de Lugar Nenhum

(La fille de nulle part, FRA, 2012)

Drama
Direção: Jean-Claude Brisseau
Elenco: Jean-Claude Brisseau, Virginie Legeay, Claude Morel, Lise Bellynck, Sébastien Bailly, Anne Berry
Roteiro: Jean-Claude Brisseau
Duração: 92 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Jean-Claude Brisseau é dono de um cinema muito particular onde a mistura de filosofia, sexo e misticismo, por mais improvável que pareça, funciona organicamente. Longe da unânimidade – enquanto alguns adoram o que o diretor francês faz, há quem não consiga superar seus exageros -, é inegável que o cinema do realizador, pontualmente, é cheio de acertos, seja na composição visual ou no conteúdo elaborado. Por isso é difícil não se interessar por algo que tenha sua assinatura.

Como nas outras obras de Brisseau, A Garota de Lugar Nenhum tem um quê de autobiográfico. Aqui ainda mais explícito pelo set de filmagem ser a própria casa do diretor e, principalmente, por sua presença na frente das câmeras. Ele interpreta Michel, um solitário professor de matemática aposentado que, viúvo há vários anos, passa os dias estudando filosofia e a fé.

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Sua vida se transforma quando ele socorre a jovem Dora, vivida por Virginie Legeay. Ela está sendo agredida por um homem, mas o professor assusta o agressor. Ao ver a moça desacordada, Michel resolve levá-la para dentro de casa. A partir de então, cria-se uma relação entre os dois personagens. Mesmo com várias diferenças, cada um supre a necessidade do outro e ambos se completam.

Fortemente baseado em longos diálogos, onde as visões de cada um sobre o ser humano e as diversas maneiras de acreditar no que é etéreo são temas constantes, o filme vai se construindo como uma história de amor impossível.

Brisseau cria o envolvimento necessário e entrega o filme ao sobrenatural. A chegada de Dora no apartamento muda não só a dinâmica de trabalho de Michel, mas transforma sua casa. É como se houvesse uma espécie de embate entre duas crenças personalizadas. Enquanto ele é agnóstico, ela é médium e consegue se conectar com o além.

Sustos, representações de eventos paranormais e suspense tornam a experiência bem interessante e imprevisível. Porém, exageros característicos de suas obras, planos batidos e algumas mal-executadas soluções de roteiro podem diminuir a força do que está sendo visto.

Um Grande Momento:
A garrafa de água cai.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=31MLrXOEBGY[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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