(Zero Dark Thirty, EUA, 2012)
Direção: Kathryn Bigelow
Elenco: Jason Clarke, Reda Kateb, Jessica Chastain, Kyle Chandler, Jennifer Ehle, Harold Perrineau, Jeremy Strong, Mark Strong, James Gandolfini, Frank Grillo
Roteiro: Mark Boal
Duração: 157 min.
Nota: 8
O 11 de Setembro é um dos momentos mais chocantes da história. Muitos assistiram atônitos ao ataque terrorista da Al-Qaeda em Nova Iorque. Até hoje, as imagens daquele dia continuam intactas na memória. É fazendo menção, apenas com sons, a este episódio que começa o filme mais recente da diretora Kathryn Bigelow.
Em A Hora Mais Escura a diretora desenvolve o que veio após a tragédia: a busca por Osama Bin Laden. A história escrita por Mark Boal, também roteirista de Guerra ao Terror, originalmente focava os dez anos de insucesso da operação, mas a morte do líder da Al-Qaeda fez com que o roteiro fosse reescrito e a captura acrescentada.
A produção tem como personagem principal a agente da CIA Maya (Jessica Chastain) em sua procura obstinada pelo paradeiro de Osama Bin Laden. O seu trabalho e de outros membros da equipe é exaustivo e os resultados quase nulos. Enquanto seguem pistas, buscam pessoas supostamente ligadas a Bin Laden e tentam montar um quebra-cabeça a fim de encontrar o esconderijo do terrorista, outros atentados bem-sucedidos vão acontecendo em várias partes do mundo.
É interessante observar como Maya modifica seu comportamento durante os anos da investigação. Seu visível desconforto durante os primeiros interrogatórios a um integrante da Al-Qaeda, onde presencia simulações de afogamento e humilhações sexuais, dentre outras formas de tortura, dá lugar a uma postura completamente diferente em situações posteriores. Maya vai gradualmente se transformando em alguém determinado e, porque não dizer, obcecado pela captura a qualquer custo de Osama Bin Laden, a ponto de liderar interrogatórios sem nenhum vestígio de insegurança ou temor.
Tanta obstinação acabou dando resultados, foi ela quem supostamente descobriu a localização do homem mais procurado dos Estados Unidos e bancou, mesmo sem provas concretas, que ele estava em uma casa na área urbana de Abbottab, no Paquistão, e não escondido em alguma caverna no Afeganistão como se acreditava.
A Hora Mais Escura é sucesso de bilheteria em seu país. No final de semana de estreia, o longa faturou mais de 24 milhões de dólares e ficou à frente de filmes como Argo e Lincoln, tão patrióticos quanto ele. Vale lembrar que as três produções foram indicadas à categoria de melhor filme no Oscar deste ano.
Porém, nem tudo são flores para os produtores do filme, o burburinho em torno dele extrapola as salas de cinema. O trabalho da diretora Kathryn Bigelow tem sido acusado de fazer apologia à tortura. Alguns atores, inclusive, fazem lobby entre os membros da Academia para que eles não votem no filme na premiação anual. Além disso, a CIA diz que a obra exagera na forma como as informações sobre a localização de Bin Laden foram obtidas.
Polêmicas à parte, a diretora tem seus méritos por criar um filme que põe em cheque o discurso do governo americano e da CIA sobre o ataque da equipe SEAL da Marinha ao refúgio de Bin Laden.
Até chegar aos momentos mais interessantes, o espectador precisa ter paciência para assistir à condução lenta do filme e a algumas passagens confusas durante as investigações. A espera é recompensada a partir do pouso dos helicópteros no suposto refúgio de Bin Laden. Nesse instante o filme cresce em tensão. A reconstrução do ataque tenta trazer o máximo de realismo à situação. Além do fato dessa passagem durar quase o mesmo tempo que a operação na vida real, ambientes escuros e movimentações de câmera ajudam a transmitir a atmosfera ansiosa e agitada do momento.
Jessica Chastain tem uma atuação irrepreensível. Após ganhar destaque nos filmes Árvore da Vida, Histórias Cruzadas e Os Infratores, a atriz protagoniza o longa demonstrando todo o seu talento. Maya não é uma personagem simples e Chastain transmite bem o drama da agente.
A Hora Mais Escura é um bom trabalho de Bigelow. Acerta ao questionar os caminhos escolhidos na condução da chamada guerra ao terror. Apesar de não fornecer respostas, o filme reforça a sensação de que a névoa em torno da morte de Osama Bin Laden jamais será dissipada.
Para quem não sabe, o título original do filme, Zero Dark Thirty, faz menção a um jargão militar que significa 30 minutos após meia-noite, a hora estimada em que aconteceu o ataque.
Um Grande Momento:
A pergunta dentro do avião.
Oscar 2013
Melhor Edição de Som (Paul N.J. Ottosson)
Links
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