(Taken Woodstock, EUA, 2009)
Depois de Brokeback Mountain e Desejo e Perigo, a última coisa que se podia esperar de Ang Lee era um filme sobre Woodstock, o festival símbolo de toda uma geração. Mas o que Lee gosta mesmo é de variar entre estilos e épocas e lá foi ele dar a sua versão para o momento histórico.
Woodstock aconteceu em 1969 e levou à pequena cidade de Bethel, no estado de Nova York, mais de 500 mil pessoas. Além da presença de grandes nomes da música, como Santana, Janis Joplin, Creedence, The Who, Joe Cocker e Jimi Hendrix, o evento chamou a atenção pelo caráter antibelicista e pela demonstração de como a nova geração se comportaria desde então.
Exitem vários relatos sobre os três dia de música, mas foi no livro de Elliot Tiber, jovem representante da Câmara Comercial de Bethel e responsável pelo contato com os realizadores do evento, que Ang Lee focou sua história.
E é com a família Elliot que acompanhamos toda a revolução de que o festival foi símbolo. Experiências sexuais, ideológicas e sociais acontecem e Elliot termina o filme bem diferente daquilo que era no começo.
O filme segue a mesma liberdade pregada no momento histórico, mas ainda não consegue se afastar totalmente de algumas convenções e crenças do diretor taiwanês, que acha, por exemplo, que a presença de personagens pode explicar mais do que outras imagens.
Visualmente, muita cor, luz, a melhor imagem de uma viagem de ácido e, mais uma vez, o uso da tela dividida. Se em Hulk o estilo queria passar a estética de uma história em quadrinhos, agora ele claramente traz de volta imagens que já conhecíamos, mas na forma da capa e encarte do LP com as músicas daqueles dias.
E a lembrança de um tempo que nem todo mundo na sala teve oportunidade de vivenciar, mas conhece bem, é fundamental para o sucesso do filme, pois minimiza os efeitos negativos de sequências longas demais, passagens desnecessárias e até de uma inesperada e sem personalidade trilha sonora de Danny Elfman.
Os defeitos também são menores do que a qualidade do elenco escolhido. O casal Teichberg, vivido por Henry Goodman e Imelda Stauton, rouba todas as cenas de que participa e é injusta a definição da interpretação da atriz inglesa como exagerada e caricata. O iniciante Demetri Martin, que dá vida ao protagonista Elliot Tiber conquista o público, assim como o irresistível Jonathan Groff, como Michael Lang. Participações de Paul Dano, Emile Hirsch, Eugene Levy e Liev Schreiber dão um toque a mais
No final das contas, Aconteceu em Woodstock é um filme bem cuidado e que, apesar de alguns tropeços, diverte o público com competência, além de trazer de volta a importância de uma geração para o que somos hoje e despertar uma certa saudade, de fatos vivenciados de perto ou não.
A mãe negociando o empréstimo com o banco.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Cannes: Palma de Ouro
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Comédia
Direção: Ang Lee
Elenco: Henry Goodman, Imelda Staunton, Demetri Martin, Emile Hirsch, Paul Dano, Kelli Garner, Sondra James, Jeffrey Dean Morgan, Eugene Levy, Jonathan Groff, Mamie Gummer, Kevin Sussman, Liev Schreiber
Roteiro: Elliot Tiber, Tom Monte (livro), James Schamus
Duração: 110 min.
Minha nota: 7/10
Confesso que estava esperando mais levando em conta seus comentários mais contidos. Mas, de Ang Lee, espero nada menos que uma obra excelente.
Só por ser do Ang Lee já tenho grande expectativa, mas nesse caso em particular também me interesso bastante pela história.
Eu achei extremamente interessante o fato do roteiro se ocupar com as pessoas, deixando o palco e os shows bem de longe. Não se escuta um único número musical de Woodstock, mas ainda assim dá para sentir o clima que cercava o evento.
Bjs!
Cecília, parece que ao contrário de suas obras mais recentes ("O Segredo de Brokeback Mountain" e "Desejo e Perigo") não foi desta vez que Ang Lee adquiriu grande prestígio, pois a recepção conferida ao seu novo "Aconteceu em Woodstock" está bem morna. E ao julgar por aqueles tempos naquele ambiente, o filme parece mesmo bem colorido.