Amanhã, 23 de março, o diretor japonês Akira Kurosawa completaria 100 anos de vida. A pouca lembrança da data no Brasil assusta pois, além de ser um dos melhores cineastas de seu país, Kurosawa influenciou e influencia até hoje a produção cinematográfica em todo o mundo.
Ainda que não seja apreciado por todos, ele influenciou nomes bem populares do cinema, como Quentin Tarantino, Steven Spielberg, entre outros. Em 50 anos de carreira, Kurosawa dirigiu mais de 30 filmes e colecionou prêmios e homenagens por suas criações.
Nada mais justo, então, que a lista da semana do Cenas de Cinema relembre dez títulos do diretor que marcaram.
O filme fala sobre as diferenças sociais e culturais ao contar a história da amizade entre um explorador russo e o caçador que o resgata na Sibéria.
Foi o primeiro filme de Kurosawa que assisti, por insistência da minha mãe, e achei chato e cansativo. Hoje já gosto e me emociono com o filme, que continua sendo o favorito dela na filmografia do diretor japonês.
Adaptação da peça Rei Lear de William Shakespeare, conta a história de um senhor feudal que divide suas terras entre seus três filhos. Os mais velhos começam a disputar o controle absoluto do feudo e chegam a banir seu irmão caçula, o único ainda fiel ao pai.
Kurosawa elegeu Ran como a “obra de sua vida”. O filme foi homenageado no Festival de Cannes em 1985.
O funcionário de uma empresa casa-se com a filha de seu corrupto empregador, mas já na festa de casamento começam a especular sobre a morte de seu pai, também empregado da fábrica, cinco anos antes.
Bem inspirado em Hamlet, o diretor japonês vai buscar mais uma vez no cinema noir para falar do capitalismo e denunciar a corrupção e os crimes comuns no mundo dos negócios.
Sanjuro é um ronin que chega por acaso a uma cidade dominada por dois gângster: um produz seda e o outro saquê, mas os dois exploram o jogo e estão sempre em guerra um com o outro. Para salvar os moradores locais, o forasteiro oferece seu serviço de guarda-costas para os dois.
Não é um dos meus filmes favoritos do diretor japonês, mas encantou o diretor Sergio Leone, que tem sua própria adaptação do filme: Por um Punhado de Dólares.
O filme retrata a relação entre um bondoso diretor de uma clínica psiquiátrica e um jovem e bruto médico. O primeiro ensina ao segundo o valor de cada um de seus pacientes e da grandiosidade que existe dentro de cada ser humano.
O Barba Ruiva é adaptado do romance de Shugoro Yamamoto e toca fundo nos espectadores. É a última parceria entre Kurosawa e o talvez maior de seus atores, Toshiro Mifune.
Um idoso descobre que tem câncer de estômago, em estágio terminal, e utiliza os últimos dias de sua vida para viver sua vazia vida intensamente, descobrindo assim o sentido de tudo e tentando tornar melhor a vida dos outros.
Com uma narrativa diferente, o filme comoveu e comove muita gente. Ganhou um prêmio especial no Festival de Berlim.
Baseado em um livro policial estadunidense The King’s Ransom, de Ed McBain sob o pseudônimo de Evan Hunter, o filme conta a história de um diretor de fábrica que tem o seu filho sequestrado e precisa levantar uma quantia absurda de dinheiro.
Com uma aura noir e sem perder a mão do suspense, Kurosawa aborda o capitalismo japonês e as diferenças sociais.
Durante a guerra civil japonesa, um dos objetivos de Shingen Takeda é conquistar Quioto. Ele parte para o local, mas outros dois líderes resolvem unir forças para impedí-lo. Takeda combina com seus seguidores que sua morte deverá ser escondida e encontra um sósia para fazer o seu papel.
Conta a história de uma aldeia que precisa se defender de ataques de bandidos. Cansados, seus moradores resolvem buscar ajuda e acabam contratando ronins (samurais que não servem a um amo) para ensiná-los a guerrear.
É o título mais lembrado, citado e referenciado do diretor, sem dúvida nenhuma, e pode ser encontrado em várias listas de “os melhores filmes da vida”. O filme teve várias refilmagens e adaptações. A mais famosa é Sete Homens e um Destino, de John Sturges
O meu favorito entre todos os filmes do mestre japonês conta a história de um estupro e um assassinato através de várias narrativas, partindo da lembrança de quatro testemunhas: o bandido, o samurai assassinado, a esposa do samurai e um lenhador, que contam aquilo que sabem sobre o fato. Um jogo de flashbacks e a busca por uma verdade inalcançavel quando existe mais de um ponto de vista.
Rashomon foi o grande responsável pela divulgação de Kurosawa no mundo e conquistou prêmios por onde passou, além de ser tema de várias teses sociais e psicológicas no mundo acadêmico e ter seu nome associado a momentos em que se é difícil chegar à verdade sobre algo.
Estes são os filmes que me vêm à cabeça toda vez que penso no diretor japonês e que, de certa forma, me fizeram ver o cinema de uma maneira toda diferente.
Um mestre que merece várias homenagens por seus centenário de nascimento.