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Pequeno Segredo

(Pequeno Segredo, BRA, 2016)
Drama
Direção: David Schurmann
Elenco: Mariana Goulart, Júlia Lemmertz, Marcello Antony, Maria Flor, Erroll Shand, Fionnula Flanagan, Thomas Silvestre, Michael Wade, Ryan James
Roteiro: Heloisa Schurmann (livro), Marcos Bernstein, Gabriela Tocchio, Eliane Carneiro Ribeiro, David Schurmann, Victor Atherino, David Schurmann
Duração: 107 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

Independente de qualquer polêmica em que tenha se envolvido por ter sido o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar, Pequeno Segredo é um filme bem intencionado, uma homenagem do diretor David Schurmann para sua irmã caçula, morta em decorrência de complicações causadas pelo HIV.

Porém, boas intenções não são suficientes para fazer um bom cinema, como já se está cansado de saber. É notório que o longa teve um bom orçamento: contratou gente de fora, gravou em várias locações, foi finalizado em grande estilo etc., mas isso também não foi o bastante.

Pequeno Segredo é baseado no livro de Heloísa Schurmann (mãe do diretor) que conta a história de Cat. A menina fora adotada por ela e seu marido ainda pequena, depois que sua mãe biológica faleceu e seu pai estava bem doente. Os casais conheceram-se no Norte, onde se tornaram grandes amigos. A menina, também portadora de HIV, como os pais, foi criada como filha pelos Schurmann.

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Para começar, falta ao filme o distanciamento que David Schurmann nunca conseguiria ter daquela história. Só isso já compromete terrivelmente, por exemplo, a personagem de Heloísa, mãe do diretor, vivida por Julia Lemmertz e a melhor em cena. Além de fazer com que o que se conta seja pouco convincente.

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O longa se complica nas três linhas temporais que resolve seguir, sem conseguir estabelecer o ritmo na montagem final. Passagens soltas, como a cena da dança no barco, volta e meia invadem o filme e distanciam ainda mais o espectador que não embarcou na exagerada trilha sonora e nas muitas tentativas de fazer chorar.

O fato de ser guiado por uma atriz infantil que ainda não estava preparada para o desafio também é um complicador. Assim como os muitos diálogos piegas que têm a mesma função da trilha sonora. Entre eles, o mais constrangedor é o embate entre Heloísa e Barbara, a avó biológica de Cat, vivida pela atriz irlandesa Fionnula Flanagan.

Pequeno Segredo é esteticamente adequado e conta uma história bonita, mas tudo é tão isolado e asséptico, que não há como comprar o que se vê. Além de que, há momentos onde a vontade de provocar a emoção é maior do que a possibilidade e capacidade.

Guardada as proporções, é como ver um filme do Hallmark Channel com roteiro da RCTV. Pode ser bonito de ver, tem diálogos melosos, mas Pequeno Segredo vai deixar muito pouco para trás.

Um Grande Momento:
Nada tanto assim.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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