(Las aventuras de Tadeo Jones, ESP, 2012)
Direção: Enrique Gato
Roteiro: Verónica Fernández, Jordi Gasull, Neil Landau, Javier López Barreira, Gorka Magallón, Ignacio del Moral, Diego San José
Duração: 90 min.
Nota: 5
Tadeo Jones apareceu pela primeira vez em um curta-metragem de nove minutos que levava seu nome e mostrava o explorador dentro de uma pirâmide cheia de aparatos tecnológicos não compatíveis com sua época tentando fugir de uma família de múmias. Tempos depois ele voltava ao cinema em outro curta, Tadeo Jones y el sóltano maldito, onde ele tinha que proteger animais de uma estranha sociedade secreta.
Os dois divertidos filmes demonstravam que o personagem tinha um quê de popular e poderia render uma boa história para um longa-metragem. As Aventuras de Tadeo cria uma personalidade mais elaborada para seu protagonista e o coloca numa aventura no Peru, em busca da cidade perdida de Paititi.
Tadeo tem agora um passado, ele é um pedreiro que sempre quis ser arqueólogo. Quando seu amigo, um arqueólogo de verdade, não consegue embarcar para o Peru levando uma relíquia que acabara de receber, Jones assume o seu lugar e parte para o país sul-americano. Chegando lá, ele precisa enfrentar um grupo de mercenários e ajudar a proteger o tesouro daquela que pode ser a sempre procurada Eldorado.
A premissa é ótima e renderia mesmo uma boa história, mas esbarra em alguns problemas sérios. A ida de Tadeo para o Peru é a primeiro deles. Mesmo já tendo desenvolvido alguma simpatia pela personagem e sabendo que ele pode ser estabanado e sem jeito, o motivo pelo qual embarca e o modo como o faz não deixa uma boa impressão. Ao chegar no Peru, encontra-se com Fred, seu motorista e seu guia no país. O sujeito é um apanhado de estereótipos dos habitantes latino-americanos e não poderia transmitir mais preconceito. Ele é muambeiro, aproveitador, tenta tirar proveito da pobreza para se dar bem e, para completar, é viciado em telenovela. Chega a ser grosseiro.
Com dois tropeços assim, fica difícil entregar-se à história que vem a seguir. E ela nem é ruim. Bebendo na fonte de filmes de aventura, com uma atenção maior ao clássico da arqueologia no cinema, Indiana Jones, o filme consegue ter uma boa dinâmica na relação entre mocinhos e bandidos e tem alguns bons momentos. Apostando seguramente em uma estrutura funcional, evolui bem e tem até uma certa tensão e algum humor de qualidade.
Se há problemas de roteiro, a animação é ótima. Mais grosseira em detalhes finos, como cabelos, pelos e penas, é belíssima na reconstrução de paisagens e divertida nos traços dos personagens. Vale ressaltar também que nem todos eles despertam sentimentos negativos e alguns são interessantíssimos, como o papagaio mudo ou a múmia guardiã.
Mas, sem dúvida nenhuma, os melhores momentos são os de ação. Eficientes, eles cumprem o que prometem. A briga no trem, as corridas na selva e as aventuras dentro da pirâmide são bons exemplos disso. Sem conseguir superar a má impressão e recaindo vez por outra em alguma piada ou situação que não funciona como deveria, é com essa ação que o diretor Enrique Gato consegue prender a atenção do público. É bom, mas ainda é pouco para um longa-metragem.
No final das contas, fica aquela incômoda sensação de que poderia ser muito melhor. E nem precisava ter mudado muita coisa, só ter tomado mais cuidado. Uma pena, já que Tadeo Jones merecia.
Um Grande Momento:
Procurando no papiro de instruções.
Links
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