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As Memórias de Marnie

(Omoide no Mânî, JPN, 2015)

Animação
Direção: Hiromasa Yonebayashi
Roteiro: Joan G. Robinson (romance), Keiko Niwa, Masashi Ando, Hiromasa Yonebayashi
Duração: 103 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Com a beleza característica dos estúdios Ghibli, em traços delicados e paisagens maravilhosas, As Memórias de Marnie chega para falar de tristeza, abandono, desconfiança, e tantos outros sentimentos ruins, que não deveriam estar associados à infância, mas aqui estão.

O filme é baseado no livro de Joan G. Robinson, “When Marnie Was There”, que está entre os livros infantis favoritos do diretor Hayao Miyazaki, que parou de fazer filmes antes desta adaptação, comandada por Hiromasa Yonebayashi, diretor também de O Mundo dos Pequeninos e animador, especializado em quadro-chave (o desenho que define os pontos de início e fim na transição das imagens), de diversas produções dos estúdios Ghibli.

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A jovem Anna, aos doze anos, vive uma vida deprimida, de rejeição por si própria e por tudo à sua volta, além de ter ataques de asma, que debilitam sua saúde. Depois de mais uma crise da doença na escola, sua mãe adotiva Yoriko acha melhor mandá-la passar um tempo na casa de parentes distantes, em um lugar bucólico.

A tristeza de Anna contrasta com toda a sua graciosidade. Extremamente bem educada e agradecida, a menina conquista de cara seus anfitriões, mas ainda se sente sozinha no lugar. Até que conhece Marnie em seus passeios.

Muito além do mistério e de todas as suspeitas por trás da história de Marnie, a beleza do filme está no desequilíbrio dos sentimentos. Do mesmo jeito que o filme é lindo e fala de coisas feias, o modo como as duas meninas, cada uma com problemas particulares que levam aos mesmos resultados negativos, encara a vida não poderia ser mais diferente.

Nessa convivência, Anna não só vai conhecer suas reações e medos, ao expor e entrar em contato com eles, como vai aprender a olhar para eles de uma forma diferente da que vinha olhando.

Indo além disso, a história de As Memórias de Marnie é bobinha em sua construção, melosa demais e tem uma conclusão previsível, o que contrasta das tramas elaboradas que o estúdio já produziu anteriormente, como As Viagens de Chihiro ou Meu Amigo Totoro.

Só que não é isso o que conta aqui. Não é a solução da história de Marnie que importa, mas o que está por trás de sua chegada na vida de Anna, e sua aura encantada, que empodera apenas a própria Anna em sua mudança, quando deixa pra trás o buraco escuro e sem soluções em que se via, para olhar novamente para a vida e tudo que ela tem a oferecer.

Um Grande Momento:
Depois do silo.

Oscar-logo2Oscar 2016 (indicações)
Melhor Animação

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=iNEDAjcaJ1M[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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