(Les salauds, FRA, 2013)
Direção: Claire Denis
Elenco: Vincent Lindon, Chiara Mastroianni, Julie Bataille, Michel Subor, Lola Créton, Alex Descas, Grégoire Colin, Florence Loiret Caille, Christophe Miossec
Roteiro: Jean-Pol Fargeau, Claire Denis
Duração: 83 min.
Nota: 7
Claire Denis é uma cineasta que sabe respeitar as imagens. Sem obviedades, ela integra silêncios e narrativas entrecortadas, sem causar confusão em quem acompanha as histórias contadas. Apesar de alguns estranhamentos a sua obra, Bastardos mantém as principais características da diretora.
O filme conta a história de Marcos Silvestri, um oficial da marinha que abandona a embarcação após saber do suicídio do cunhado. Enquanto tenta recuperar o tempo perdido com a irmã, que não sabe o que fazer com os negócios, e a sobrinha, que fora encontrada andando nua pelas ruas de Paris, ele tenta descobrir o que levou o cunhado a se matar. Em meio a investigação, Marcos se aproxima de sua vizinha, Raphaëlle, amante de um importante executivo, que vive sozinha com seu filho pequeno.
Nada é entregue de bandeja ao espectador, que precisa ir montando pouco a pouco o quebra-cabeça narrativo construído por Denis. Acontecimentos misturam-se com representações de desejos e medos e a história, extremamente depressiva, vai ganhando corpo. As primeiras impressões dão lugar a constatações de difícil digestão.
Enquanto a inspirada direção de fotografia, assinada pela parceira constante de Denis, Agnès Godard, aposta na pouca luz, a direção de arte de Michel Barthélémy explicita o tom amargo do filme abusando do cinza e de cores neutras. O ambiente, reforçado pela presença pontual da melancólica e ansiosa trilha sonora de Stuart Staples, evidencia o tom amargo do filme.
O elenco também é fundamental para estabelecer a relação com o público. Jack Lindon dá vida a Marcos e está muito bem como o homem introvertido que mescla momentos de ternura, raiva, angústia, decepção e sabe ser, ao mesmo tempo, sedutor. Chiara Mastroianni e Lola Créton também se destacam como a vizinha solitária e a adolescente depressiva, respectivamente.
Tudo minimamente estudado para causar sensações e envolver o público em um thriller competente, mas alguma coisa acaba saindo diferente do planejado. Sequências perdidas na montagem e um desfecho mais explícito do que o habitual causam uma certa estranheza e podem comprometer o resultado final do filme para alguns, principalmente os fãs da obra da cineasta.
Mas nada que comprometa o suspense gerado e acentuado a cada cena, ou diminua o impacto do filme. Mesmo que não seja perfeito, Bastardos merece ser conhecido, mas é bom entrar no cinema preparado.
Um Grande Momento:
O médico fala sobre negligência.
Links
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