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Bem Casados

(Bem Casados, BRA, 2015)
Comédia
Direção: Aluizio Abranches
Direção: Alexandre Borges, Camila Morgado, Bianca Comparato, Luiza Mariani, Letícia Lima, João Gabriel Vasconcellos, Ingra Liberato, Rosi Campos, Xuxa Lopes, Christine Fernandes
Roteiro: Fernando São Tiago
Duração: 90 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

Um dos gêneros timidamente trabalhado pelo cinema nacional, a comédia romântica tem um lugar bem demarcado na nova produção. Com títulos que lembram muito os produzidos em Hollywood, falta, de maneira geral, um traço mais característico, uma segurança que dê ao filme algo que vá além daquela cara de reaproveitamento de histórias já filmadas. Não que o gênero necessite de originalidade, mas novos enfoques e regionalizações fariam muito bem.

Bem Casados, dirigido por Aluízio Abranches, com Alexandre Borges e Camila Morgado como o casal central, tem muito do que já foi visto por aí, mas tenta ser um pouco original na abordagem dos gêneros, motivo que deve sempre ser comemorado. Apesar da roupagem adquirida em brechó, principal problema do gênero, há uma tentativa muito clara de diferenciar as personagens femininas do longa-metragem, mesmo sendo ele dirigido e roteirizado por homens.

O filme reprova no teste de Bechdel, um dos mais utilizados métodos de detecção de machismo no roteiro. O teste é o seguinte: duas mulheres devem manter um diálogo onde não falam de homens. Em Bem Casados, as conversas femininas são sempre focadas nesse tema, mas há uma vontade de retratar a mulher de um novo modo.

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Personagens independentes, adeptas do sexo casual, focadas no desenvolvimento profissional e desencanadas das convenções sociais estão por todo lado. E é sempre bom ouvir frases como “sou casada com o meu trabalho”, “garotinha, não, eu sou uma mulher” e afins. O modo como o roteiro toca a dificuldade do homem em lidar com a nova realidade também é interessante.

Bem-casados_interno

Outro ponto positivo no roteiro de João Gabriel Vasconcellos, que também atua no filme, está no abandonar a batida e demodê crença de que o casal precisa ficar junto para cumprir um papel social. Não é como se aquela personagem precisasse de um homem para ser feliz, ela quer ser feliz com um homem, mas poderia ser sem ele também.

No mais, não há nada que chame muita atenção em Bem Casados. A trama é batida, os personagens são rasos e o filme segue aquela mesma receita de bolo do gênero: conhecimento, estranhamento e reconciliação. Seguindo também a cartilha, o humor é o tom predominante e muitos personagens secundários têm seus momentos de destaque.

O elenco desempenha bem seu papel. Além da convincente química entre Borges e Morgado, algumas participações chamam a atenção, como a de Bianca Comparato, como melhor amiga e funcionária do fotógrafo, e Rosi Campos, como a emergente metida a rica sogra da noiva. Outras, menores, deixam a desejar.

Sem grandes pretensões, Bem Casados se destaca no gênero pela tentativa de mostrar a mulher de uma maneira diferente, mas está completamente dentro dele no que diz respeito ao cuidado com a evolução da trama, o uso de passagens por seu potencial de fazer rir e pelo que deixa para trás.

Mas não precisava ser diferente. Quem busca uma comédia romântica, não está mesmo procurando outra coisa além de uma diversão fofinha e fugaz. Pensando assim, a recente produção brasileira está no caminho certo, mas ainda pode melhorar.

Um Grande Momento:
Nada tanto assim.

Bem-casados_poster

Links

IMDb
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=0wTo79zo11k[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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