Crítica | Festival

Bliss

O mesmo Virgil

(Bliss, EUA, 2024)
Nota  
  • Gênero: Drama
  • Direção: Joe Maggio
  • Roteiro: Faryl Amadeus, Clint Jordan, Joe Maggio
  • Elenco: Clint Jordan, Faryl Amadeus, Juan Fernández
  • Duração: 87 minutos

Depois de mais de 20 anos, quem volta às telas é Virgil Bliss. Lá está ele, mais velho, agora trabalhando em um estábulo onde consegue um pouco de dinheiro para alimentar o vício que ainda mantém nas drogas. O tempo passou, mas ainda se vê a ingenuidade de antes ainda é a característica que se destaca naquela figura. Joe Maggio retoma a trilogia iniciada em 2001 e traz de volta Clint Jordan ao papel principal para este que será o segundo filme.

Com as vantagens e os contrapontos de lidar com um personagem que já tem uma história estabelecida, e um vínculo prévio, Bliss, está em outro registro, se adequa a um novo gênero e sofre por não conseguir causar todo o impacto de seu antecessor à época do lançamento, mas tem seus atrativos. O que circunda o personagem é muito real e, mesmo que em sonho e esperança, procure outro espaço para o protagonista, aquele homem está onde ele normalmente estaria. 

O roteiro, assinado em conjunto pelo diretor, por Jordan e Faryl Amadeus, que também atua no filme, traz temáticas como a pandemia dos opioides e as religiões pentecostais, mas a trama já tem elementos e reviravoltas demais para tudo. É bom lembrar que é a morte por overdose da namorada e a chegada da irmã gêmea da garota que dão início à história. Conflitos internos do protagonista, e a dinâmica que se estabelece entre Bliss e Jo, portanto, são mais interessantes, embora nem sempre os eventos se apresentem de maneira muito fluida ou as trocas entre a atriz e o ator funcionem.

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Apesar disso, Bliss, o personagem, tem essa dedicação muito genuína e uma vontade enorme de encontrar o amor e se estabelecer no mundo. Essa essência, que não poderia ter se perdido, está na construção de Jordan e impregnada por todo o filme. O projeto de Maggio de voltar 20 anos depois, encontrando o personagem em outra fase da vida em um mundo diferente, é arriscado, mas há competência e tanta paixão na execução que fica difícil não ser envolver com o resultado. Aqueles que já conheciam e tinham se impressionado com Virgil Bliss, mais ainda. 

Um grande momento
Contando a verdade

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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