(Brooklyn, IRL/GBR/CAN, 2015)
Direção: John Crowley
Elenco: Saoirse Ronan, Brid Brennan, Jim Broadbent, Maeve McGrath, Emma Lowe, Fiona Glascott, Eileen O’Higgins, Julie Walters, Emory Cohen, Domhnall Gleeson
Roteiro: Colm Tóibín (romance), Nick Hornby
Duração: 111 min.
Nota: 8
Brooklyn volta mais uma vez a um dos temas mais abordados do cinema: imigrantes estrangeiros nos Estados Unidos. O longa-metragem, dirigido por John Crowley (Rapaz A), conta a história de Eilis, uma jovem sem muita perspectiva na Irlanda pós Segunda Guerra Mundial que consegue através de sua irmã o patrocínio de um padre para se mudar para o bairro de Nova York, onde se instalou grande parte de seus conterrâneos.
De maneira doce, o filme trás a história sutilmente ao espectador que vai acompanhando o desabrochar dessa jovem tímida que começa a descobrir a vida longe da cidade natal. Depois de um acontecimento inesperado, quando ela já tem uma nova vida e se descobriu como uma nova pessoa, ela precisa volta ao seu antigo lugar.
Ainda que se sustente na ingenuidade e na doçura, Crowley alimenta sua trama com angústias e tensões que pouco se adequariam ao estilo, mas que aqui funcionam muito bem. Esse confronto entre as duas realidades, que são transformadoras é curioso e consegue ser trabalhado com bastante eficiência.
Muito pelo excelente desempenho de sua protagonista, vivida com entrega e consciência por Saoirse Ronan. A atriz, que já demonstrara sua capacidade desde a adolescência, como em Desejo e Reparação, tem a oportunidade de explicitar todo o seu amadurecimento em um papel que pode parecer simples na superfície, mas é cheio de nuances.
Ronan ainda esta muito bem acompanhada de Emory Cohen (O Lugar Onde Tudo Termina), em uma atuação bastante segura e destacada, e de Domhnall Gleeson (Ex Machina: Instinto Artificial), que embora seja menos marcante, cumpre bem o seu papel. Além de dividir o espaço com participações menores mas marcantes de Brid Brennan (Agente C – Dupla Identidade) e Julie Walters (Mamma Mia!), também com dois personagens opostas, como tudo no filme.
Outro ponto positivo do longa é direção de arte, assinada por François Séguin (Karatê Kid), Louise Tremblay (Não Estou Lá), Suzanne Cloutier (Contra o Tempo) e Jenny Oman (300 – A Ascensão do Império). Além da boa reconstituição de época, eles tornam claras as diferenças entre as duas realidades de Eilis e o seu próprio desenvolvimento e libertação.
Ao acompanhar a história, o espectador se vê perdido entre os sentimentos da personagem e, por mais de uma vez, tem vontade de alterar aquilo que está vendo. Essa comunicação tão eficiente com o público diferencia a produção de tantas outras que, às vezes contando histórias parecidas, não conseguem ser mais do que apenas impressionantes visualmente.
Tudo por apostar na sutileza e deixar, desse modo, os sentimentos mais claros e reais para quem acompanha a história. Há tristeza, alegria, desilusão e esperança, todos muito bem distribuídos e completamente críveis.
Assim, Brooklyn é um daqueles filmes que conseguem deixar uma marca em quem o assiste. Sem apelar, sem forçar a barra. Apenas sendo natural. Menos, aqui, é muito mais.
Um Grande Momento:
“Eu tinha esquecido”.
Oscar 2016 (indicações)
Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado
Melhor Atriz (Saoirse Ronan)
Links
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