- Gênero: Drama
- Direção: Cooper Raiff
- Roteiro: Cooper Raiff
- Elenco: Cooper Raiff, Dakota Johnson, Evan Assante, Vanessa Burghardt, Leslie Mann, Brad Garrett, Raúl Castillo, Colton Osorio
- Duração: 107 minutos
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Por trás de Cha Cha Real Smooth tem uma mensagem que interessa, a da dificuldade de amadurecimento, do cara que, a despeito de todo o tempo passado, das fases superadas, continua sendo o menino sem perspectiva que repete os mesmos passos de quando era uma criança. Mas se esse era o argumento do filme, ele se perde numa percepção tendenciosa de seu protagonista Andrew, vivido por Cooper Raif, que também assina a direção e o roteiro do longa. Muito fofo, legal e querido, ele é o jovem adulto que não sabe o que fazer da vida e, perdido, acaba virando animador de bar e bat mitzvah dos amigos do irmão caçula.
De fórmula reconhecível, o longa se enquadra na classe de filmes pós-coming of age onde os nascidos no final do século passado tentam se encontrar e encontrar o seu lugar no mundo. Sim, já podemos definir isso como uma categoria no cinema indie americano. Entre divagações e a repetição de eventos, o retrato do cotidiano se estabelece trazendo um universo influente mas pouco profundo. Seres circundam um protagonista que recebe todas as atenções, mas não têm suas personalidades investigadas para além daquela relação e tudo se volta a um só.
É como se todos existissem para justificar Andrew, suas escolhas, atos e motivações. Isso está nas relações domésticas, em especial com o irmão, vivido Evan Assante, ou nos conflitos cotidianos, alguns mais críveis do que os outros, com a mãe (Leslie Mann) e o padrastro (Brad Garrett). Mesmo o ponto de virada, aquele que supostamente transforma a jornada do protagonista, vem com pessoas fortes que nada têm deste adjetivo. Domino (Dakota Johnson) e Lola (Vanessa Burghardt), são pessoas com muita possibilidade de aprofundamento, mas servem apenas como motivo para um interesse amoroso e vitrine de bondade.
Em sua concepção autocentrada, e obviamente autobiográfica, Cha Cha Real Smooth, porém, tem um andamento facilitado pelo charme com que olha para si e transmite aos outros. Andrew, em seu incômodo e inadequação, tem características cativantes, uma doçura que ameniza o afastamento que se impõe. Nessa construção de um indivíduo em crise, atrai quem assiste ao filme e conquista, quase como uma armadilha. Raif usa bem os elementos de reconhecimento e isso ultrapassa qualquer determinação, porque por mais especial que seja para ele o seu personagem, aquele cara é só mais uma figura ordinária nesse mundo.
E no fundo é isso, Cha Cha Real Smooth, expressão que significa se sair bem de alguma situação, é um exemplar de um cinema que vem se repetindo, assinado por alguém que tenta amenizar e dar ares de especial ao tratar o deslocamento em uma geração onde quase todos compartilham o mesmo sentimento. Mas, apesar de tudo, vai tranquilo em sua toada familiar e afetiva, e, sem grandes aprofundamentos, prende a atenção e até diverte.
Um grande momento
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