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Cinquenta Tons de Cinza

(Fifty Shades of Grey, EUA, 2015)

Gênero
Direção: Sam Taylor-Johnson
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle, Eloise Mumford, Victor Rasuk, Luke Grimes, Marcia Gay Harden
Roteiro: E.L. James (romance), Kelly Marcel
Duração: 125 min.
Nota: 2 ★★☆☆☆☆☆☆☆☆

Em maio de 2011 foi publicado o best seller “Cinquenta Tons de Cinza”. Criado por E.L. James como uma fan fic – quando fãs criam homenagens à história – da franquia de livros “Crepúsculo”, o romance de Anastasia Steele e Christian Grey fez um sucesso inesperado e se tornou uma verdadeira febre pelo mundo afora.

Em todos os lugares, era fácil ver mulheres folheando suas páginas. Ainda que tivesse seus méritos, por reaquecer a venda de livros, já que foram mais de 40 milhões de cópias vendidas em 37 países, e por fazer com que as mulheres descobrissem e debatessem o sexo de outras formas, é impossível não perceber todo o machismo por trás da história contada e uma certa ingenuidade na abordagem de James. Como alguém que tenta tratar do tema sem amarras, mas não teve coragem de experimentar.

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Visando todo o lucro da franquia de livros, a produtora Focus Features resolveu levar a história aos cinemas. A adaptação, que causou frisson desde seu anúncio, ficou a cargo da roteirista Kelly Marcel, que assinou Walt nos Bastidores de Mary Poppins. A direção foi entregue a Sam Taylor-Johnson, conhecida por O Garoto de Liverpool.

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Assim como a matéria principal carecia de qualidade, a adaptação segue a mesma trilha e talvez consiga ficar ainda mais atrás na concretização daquilo que havia sido imaginado pelos leitores do livro. A estranheza é ainda maior quando se realiza que não só o livro foi escrito por uma mulher, mas foram duas pessoas também do sexo feminino que se encarregaram de contar uma história cheia de machismo nas telonas.

O modo como situações e estereótipos nocivos à causa feminista desfilam por Cinquenta Tons de Cinza chega a ser aviltante. A fragilidade feminina, o deslumbre pelo físico e pelo material, a sujeição às vontades do macho alfa são absurdos que saltaram das páginas para ocupar a tela. Sem falar que todo o debate sobre a sexualidade, talvez a melhor coisa do livro, perdeu completamente o foco no longa-metragem.

São várias cenas e longos debates destinados exclusivamente ao tal contrato que Anastasia deve assinar para poder se relacionar com Grey, que não namora, apenas usa suas mulheres. E não faz amor, f***. Tudo tão bobo e tão superficial que não deixa nada para trás. Tornando-se um material nocivo às mulheres e do qual pouquíssima coisa se salva.

Para não dizer que tudo é ruim, a trilha sonora, repleta de baladas pop chama a atenção. Não por sua disposição, já que não há nenhuma criatividade por parte de Taylor-Johnson em distribuir as músicas no decorrer da trama. O destaque vem pela seleção, que conta com títulos como One Last Night, de Vaults; Love Me Like You Do, de Ellie Goulding; e Where You Belong e Earned It, de The Weeknd. Além do remix de Crazy in Love, de Beyoncé, por Boots; e de I Put a Spell on You, com vocais de Annie Lennox e arranjo adicional de Danny Elfman, que também merecem uma citação.

Uma bobagem dispensável.

Um Grande Momento:
Não tem.

Oscar-logo2Oscar 2016 (indicações)
Melhor Canção (“Earned It”, de The Weeknd, Belly, Jason ‘DaHeala’ Quenneville, Stephan Moccio)

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=DEwIt4amgq4[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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