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Cinturão Vermelho

(Redbelt, EUA, 2008)

O nome de David Mamet (O Assalto) sempre é suficiente para chamar a atenção daqueles que gostam de um bom texto. Com títulos memoráveis tanto no teatro, quanto no cinema, o produtor/roteirista/diretor sabe como criar tramas bem intrincadas e não se prende a um só gênero. Roteiros como O Destino Bate a Sua Porta, O Veredito, Sobre Ontem a Noite, Os Intocáveis, As Coisas Mudam, Hoffa, Mera Coincidência e Ronin demonstram toda esta variedade e a capacidade de criar personagens marcantes e muito mais complexos do que aparentam.

Além de todos os exercícios dramáticos de seu dia-a-dia, Mamet se dedica ao jiu-jitsu, luta marcial praticada por todo mundo e bem difundida em todo o Brasil, desde que a família Gracie resolveu compartilhar seus conhecimentos com outras pessoas. Foi o gosto por este esporte que fez com que ele criasse a história de Cinturão Vermelho.

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Myke Terry é professor de jiu-jitsu em uma academia prórpia. Casado com uma brasileira fabricante de tecidos, o bom homem resolve que não lutará por dinheiro e vive, às duras penas, com o pagamento nem sempre constante de seus alunos. O problema é que ele está rodeado de pessoas interesseiras e acaba sendo guiado por um caminho bem diferente e cheio de armadilhas.

Com excelentes personagens, como era de se esperar, e uma história boa, o filme é cheio de boas intenções, mas não consegue realizá-las. Talvez pelos muitos clichês, que fazem o filme lembrar títulos como Karatê Kid e outros de luta, ou pela previsibilidade de acontecimentos importantes, o filme se perde no ritmo e deixa a desejar.

A participação de atores brasileiros, uma boa referência para falar do esporte, também pode gerar expectativas que não serão satisfeitas. Dando vida a personagens quase periféricas, Rodrigo Santoro (Bicho de Sete Cabeças) e Alice Braga (Ensaio Sobre a Cegueira) não oferecem mais do que o arroz e feijão de cada dia. O mesmo não pode ser dito da participação de Emily Mortimer (Match Point) como uma deprimida advogada e muito menos de Chiwetel Ejiofor (Kinky Boots – Fábrica de Sonhos), que constrói um protagonista cheio de nuances e marca os espectadores.

Enquanto traça uma história de firmeza moral em um mundo contaminado pela ganância e valores invertidos, o filme se perde em suas muitas histórias, apela para soluções fáceis e tem um final tão frustrante e batido que é difícil não pensar que todo o tempo em frente à telinha foi perda de tempo.

Vale mesmo pela interpretação de Ejiofor e pela curiosidade de ser mais um filme escrito e dirigido por Mamet. Talvez a história por trás do jiu-jitsu, com preceitos da arte marcial, agrade a alguns.

Quem quer ver muita ação e muita luta pode ficar ainda mais frustrado.

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Drama
Direção: David Mamet
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Alice Braga, Max Martini, Jose Pablo Cantillo, Emily Mortimer, Rodrigo Santoro, Tim Allen, Bob Jennings, David Paymer, Joe Mantegna, Ed O’Neil
Roteiro: David Mamet
Duração: 99 min.
Minha nota: 5/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.

Um Comentário

  1. Oi, gente!

    Jacques – Também acho que ele é muito melhor escritor do que diretor. Sobre Ontem à Noite foi um filme que sempre me chamou muita atenção pelos diálogos e nisso ele é muito bom.

    Robson – Quero só ver o que você vai achar…

    Fred – Hehehe. É verdade, a gente tem muita coisa para ver e é uma frustração perder tempo com coisas ruins. Esse filme não é péssimo assim, mas é bem fraco.

    Wally – Faltou um desapego, né? E também uma melhor distribuição de conflitos. Mas tem suas qualidades. Para mim a atuação é a maior delas.

    Beijocas para vocês!

  2. É um filme que tem boas cenas e bom conteúdo mas uma estruturação incoerente. O elenco me agradou e o núcleo da história também. Só achei que teve excessos demais.

    Nota 7.0

    Ciao!

  3. Vixi! Esse não é meu estilo favorito de filme. Fui me animando e assistí-lo, com os primeiros parágrafos. Depois, desisti de vez.
    “Talvez pelos muitos clichês, que fazem o filme lembrar títulos como Karatê Kid e outros de luta, ou pela previsibilidade de acontecimentos importantes, o filme se perde no ritmo e deixa a desejar.”
    Afff… tenho outros filmes melhores pra gastar meu tempo! rsrs
    Obrigado por me livrar dessa!

  4. David Mamet é sinônimo de bons textos. Nem sempre o que escreve fica bom na tela. Foi o caso do filme que vc citou e comentei esta semana no meu blog – Sobre Ontem à Noite, baseado na peça “Sexual Perversity in Chicago”. Como diretor, é sofrível. Abcs

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