Ação
Direção: Jeff Chan
Elenco: Kari Matchett, Robbie Amell, Lawrence Bayne, Jai Jai Jones, Alex Mallari Jr., Shaun Benson, Sung Kang, Aaron Abrams, Martin Roach
Roteiro: Chris Pare, Jeff Chan
Duração: 98 min.
Nota: 2
Code 8 está disponível na Netflix. Leia a crítica do filme!
Tantos episódios da saga Marvel X-Men já foram feitos… com todos no original, com todos jovens, com Wolverine sozinho, agora até com a Fênix Negra fizeram… e com diferentes resultados qualitativos, até indicação ao Oscar de roteiro já rolou. Porque, na quase absoluta falta de grana, você escolheria realizar um derivado da saga mutante, com suas questões, dilemas e desdobramentos sendo reutilizados, com um cerne dramático de retaguarda e contando com um elenco onde as capacidades para desenvolver essas bases dramáticas são quase tão evidentes quanto a ausência de investimento monetário da produção? Eu diria que só a coragem extrema justifica certas atitudes, e a isso devemos aplaudir o diretor Jeff Chan (O Mistério de Grace).
Três anos antes, ele já tinha dirigido um curta de 10 minutos sobre o universo de Code 8: Renegados com os primos Robbie Amell (A Babá) e Stephen Amell (Arrow) já protagonizando. Uma provável ponta de lança do grupo que se expande no longa, Chan demonstra acreditar no projeto do início ao fim (que inclusive sugere continuidade à sua narrativa). A falta de recursos é evidente, mas Chan disfarça e minimiza suas cenas ao máximo, transformando um projeto de escopo muito maior em algo quase minimalista – para o potencial. Assim sendo, todo o potencial não explorado do filme é uma clara escolha de produção para proteger o filme de expor suas carências técnicas, e essa decisão é o que de mais acertado Chan poderia fazer às ideias pelo qual ele tem visível apreço.
Narrativamente, existe quase nada explorado aqui que a Marvel e a Fox não tenham feito durante 20 anos. A perseguição aos excluídos, o sentimento de rejeição social, a luta por esconder o que é facilmente perceptível pois faz parte de sua constituição, tá tudo isso lá. O roteiro de Chan com parceria de Chris Pare carrega poucos pontos de originalidade quanto a isso, mas tem um dado de frescor nessa trama. Não há – ao menos no ponto onde essa fatia de acontecimentos se encontra – uma tentativa de união, organização ou visão heroica daquele todo onde estão inseridos. Os personagens de Lincoln City ou tentam esconder suas origens fantásticas ou as usam com finalidades criminosas, embora nenhum desses crimes tenham qualquer intenção superlativa, como Magneto e afins. São assaltos, tráfico, crimes reles em geral. Ou seja, é o lado ordinário de seres extraordinários.
Se Chan consegue driblar as tecnicidades e trazer um olhar mínimo de novidade a uma atmosfera que parecia já ter dado tudo, não teve tanto sucesso na escalação de seu elenco. Tirando a experiente atriz de TV Kari Matchett (Olhar de Anjo), o resto do grupo impressiona pela absoluta ausência de talento generalizado. Desde os primos protagonistas, que inclusive não tem carisma algum, passando pelos vilões e uma jovem em especial, Laysla de Oliveira (Campo do Medo), de descendência brasileira, um conjunto que choca por suas amplas deficiências. E está exatamente em seu grupo de atores o principal problema para conseguir acompanhar a produção sem algum incômodo; ausente de bons diálogos e refém de um elenco ineficiente, o filme não consegue manter seu interesse.
Ainda que as decisões práticas de Jeff Chan sejam corajosas e criativas, o material humano apresentado em Code 8 é de tão difícil digestão que acompanhar a trajetória relativamente curta (1h30) até o fim se torna uma prova de fogo. É ambíguo o resultado final, ao saber dos esforços de um lado da produção sendo sabotados pelo outro, carente até a tampa.
Um Grande Momento:
A defesa vem dos céus.
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