Crítica | FestivalMostra SP

Muere, monstruo, muere

(¡Muere, Monstruo, muere!’, ARG/FRA/CHI, 2018)
Terror
Direção: Alejandro Fadel
Elenco: Esteban Bigliardi, Francisco Carrasco, Tania Casciani, Romina Iniesta, Victor Lopez, Sofia Palomino, Jorge Prado, Stéphane Rideau
Roteiro: Alejandro Fadel
Duração: 109 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Todo terror de qualidade, de alguma maneira, usa o fantástico para fazer a sua representação do real. É nas metáforas, na representação alegórica, simbólica que encontra sua força. Além do medo e da suspensão, são filmes que tentam de alguma maneira refletir sobre eventos atuais e questões inerentes ao ser humano. O longa-metragem Muere, monstruo, muere segue esse caminho.

Em uma construção visualmente potente, que busca o onírico e o metafísico, o filme encontra o seu caminho para falar da violência de gênero e do machismo. Ainda que tropece algumas vezes na abordagem daquilo que quer expor e criticar, a iniciativa é válida e a execução, até certo ponto, é bastante atrativa.

O diretor Alejandro Fadel, que também assina o roteiro, constrói sua trama em rupturas de expectativas e adulterações de mitologias, que vão desde os mais conhecidos contos de fadas até constatações etimológicas. A fotografia de Julián Apezteguia (O Anjo) e Manuel Rebella (Arpón) é fundamental para a imersão no clima de terror e suspense sugerido.

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A identificação pelo clima político que está do lado de fora da sala de cinema, com a possibilidade de um futuro presidente misógino, dá um sentido interessante ao que se conta e o modo como os personagens interagem com aquela realidade. Frases como “é reconfortante pensar que o mal está fora” chegam ainda mais fortes, principalmente quando se realiza que aquele monstro que deve morrer está dentro de todos.

Toda a potência, porém, esvazia-se quando um princípio básico do horror é menosprezado. O que se entregou era claro e evidente, não havia necessidade de uma exposição ou da criação de uma figura. Embora monstros sejam bem-vindos, há situações em que eles nada acrescentam e, pior, destroem o clima construído. Em Muere, monstruo, muere, ele ainda enfraquece a abordagem do tema, confundindo-a.

Mas, mesmo que o final seja ineficiente, e mesmo com obviedades incômodas, tudo o que foi construído até aqui permanece bem vivo na retina do espectador. E a discussão temática, essa é eterna.

Um Grande Momento:
“Eu não vou dançar.”

Próxima sessão na Mostra:
Dia 29, às 15h40 – Espaço Itaú Frei Caneca 1

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[42ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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