(Educação Sentimental, BRA, 2013)
Direção: Júlio Bressane
Elenco: Josi Antello, Bernardo Marinho, Débora Olivieri
Roteiro: Júlio Bressane, Rosa Dias
Duração: 84 min.
Nota: 6
É fácil achar que Júlio Bressane faz cinema para si mesmo. Seus filmes são queridos por muitos, mas a impressão é de que o diretor só se interessa de verdade por aquilo que tem validade para ele. Longe de ser um problema, esse é talvez um dos grande diferenciais de sua obra. Aquilo que faz do resultado algo curioso e válido, justamente por pertencer a uma pessoa específica. Educação Sentimental é mais um típico filme dele.
Numa época em que pouca gente se importa com coisas como amor e, principalmente, educação, e há uma certa incapacidade em reconhecer sabedoria naqueles que viveram antes da existência de computadores e celulares, o filme conta a história da relação entre uma mulher mais velha e um jovenzinho mimado no Rio de Janeiro.
Tudo é exagerado na tela. A arrogância e cultura dela, uma senhora, e o vazio e falta de personalidade dele, um garoto. Ambos não têm nada em comum, mas se divertem muito durante todo o tempo em que estão juntos. Ela ensinando e ele aprendendo. Ele simplificando e ela complicando. Um encena, outro assiste.
O jogo, ainda que tenha seus momentos cansativos, é divertido e faz do filme uma experiência bem interessante e que sobrevive à inserção de imagens belas, mas com pouco significado; à cadência nem sempre fácil da fala declamada, e a alguns eventos que duram mais do que o necessário.
Entre as qualidades do filmes estão a atuação fantástica de Jose Antello como a senhora apaixonada e a rápida participação de Débora Olivieri como a mãe do garoto, em um diálogo completamente surreal.
A única coisa realmente desnecessária no filme é o final com cenas de bastidores e erros de filmagem. Pode ser que haja algum propósito bressaniano escondido, mas nada que ofereça algo de significativo ao espectador. Principalmente com os entrecortes em branco, com uma luz quase cegante para quem está em uma sala escura.
Mas o final não interfere em tudo o que o filme fez até ali. O que fica é uma reflexão sobre o rumo que as relações estão tomando, sobre a falta de cuidado, de curiosidade e um individualismo exarcebado que vão, aos poucos, impossibilitando os seres humanos de sentir aquilo que realmente vale a pena.
Um Grande Momento:
A visita da mãe.
Links
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