(Zjednoczone stany miłości, POL, SWE, 2016)
Em uma mesa de jantar, o público é apresentado à situação geral de um país. O muro de Berlim acabou cair, levando com ele o comunismo. A Polônia, país massacrado durante a Segunda Guerra Mundial e que ficou anos sob o domínio da União Soviética, precisa se reinventar. Três mulheres, Agata, Iza e Marzena, vão representar essa vontade de identificação e mudança do país no filme Estados Unidos pelo Amor.
A desgostosa Agata (Julia Kijowska) quer romper com o passado, experimentar o novo e subverter as regras tão rigorosas que toda a sociedade impõe; a contida Iza (Magdalena Cielecka) quer ser reconhecida, assumida, quer ocupar um lugar em um mundo que sempre a manteve na sombra, e a espevitada Marzena (Marta Nieradkiewicz), junto com sua vizinha Renata (Dorota Kolak), vai apresentar o jogo de fascinação despertado pelo novo. Uma é professora de aeróbica e hidroginástica em uma academia, e a outra, professora de russo que acabara de ser demitida da escola onde dava aula.
Conduzindo de maneira precisa por Tomasz Wasilewski, Estados Unidos pelo Amor dá autonomia a seus personagens, que se explicitam e crescem durante a contemplação de ambientes gelados e cinzas. Somente as modernas e coloridas aulas de aeróbica ou a sala de jantar da casa de Renata apaziguam o frio e a falta de vida do lugar.
É como se tudo fosse gelado, inclusive aquelas mulheres que acompanhamos, ou, de modo menos metafórico, a própria Polônia. Um país que tão traumatizado, tem dificuldade em encontrar as cores do seu futuro. Elas estariam numa natureza inexistente ou num modelo ocidental imperialista que está muito distante de seus costumes.
O modo como o roteiro de Estados Unidos pelo Amor, também assinado por Wasilewski, se desenvolve, sempre centrado nos personagens, mas fazendo-os significar muito mais, por mais que seja pouco acolhedor, envolve os que se entregam ao intento do cineasta.
Porém é uma experiência dura, que vai deixar o espectador com um nó na boca do estômago e tentando compreender tudo o que acabou de ver. As leituras são muitas, mas todas levam à mesma angústia.
Um Grande Momento:
O jantar com Renata.
[5º BIFF]