RIO – Mais de 350 filme, divididos em mais de 20 mostras, espalhadas por salas de cinema em toda a capital carioca. Organizar uma agenda com todos os títulos que merecem ser vistos é uma tarefa difícil.
Não é à toa que muita gente resolve escolher um lugar e passar a tarde por lá, passando de uma sessão a outra sem se preocupar com o que verá a seguir. A ideia é ótima, mas tem sempre aquele filme que vai passar no festival que não pode ficar de fora da programação individual.
Pensando nisso, fizemos uma lista rápida com os títulos mais aguardados e com aqueles que se destacam em cada uma das mostras menores, mas não menos importantes, do festival. Claro que o gosto de cada um é que deve definir suas escolhas. Claro também, que o o que agrada a um pode desagradar completamente ao outro. Mas no meio de tantos títulos, listas assim sempre ajudam.
Homenagens
Neste ano, o Festival do Rio homenageia o diretor Alain Guiraudie, recentemente premiado em Cannes com a Queer Palm e o prêmio de direção na Mostra Um Certo Olhar por seu filme Um Estranho no Lago, que integra a Mostra Panorama do Cinema Mundial. Dentre os títulos selecionados em sua retrospectiva, Alain Guiraudie – A Felicidade Está no Campo, está Esse Velho Sonho que se Move, indicado ao César de melhor curta-metragem e ganhador do prêmio da cidade em Clermont-Ferrand.
Outra homenageada com uma retrospectiva é a diretora Claire Simon, que também tem um filme na Mostra Panorama: Gare du Nord, que concorreu este ano em Locarno. O filme foi rodado junto com o documentário Geografia Humana que integra a mostra Claire Simon: Ficção e o Real.
A atriz Goldie Hawn também está entre os homenageados e ganha a mostra Goldie Goes Rio!, com as comédias O Clube das Desquitadas, A Morte lhe Cai Bem e Shampoo. Famoso pelos roteiros que escreveu para Martin Scorsese no passado, Paul Schrader ganha uma mostra com os filmes que dirigiu, como A Marca da Pantera e Uma Estranha Passagem em Veneza.
A mostra Ulrike Ottinger: A Prática da Invenção é dedicada à criativa diretora e roteirista alemã. Entre os filmes selecionados está Retrato de uma Bêbada, Caminho sem Volta, de 1980.
Clássicos
Como nas outras edições do festival, há um espaço destinado para os grandes clássicos do cinema. Bonequinha de Seda, de Oduvaldo Vianna está em Tesouros da Cinemateca. O mestre do suspense, Alfred Hitchcock, também ganha uma pequena mostra de clássicos, com os filmes Downhill, O Inquilino e O Ringue.
Além desses, filmes restaurados pela Fundação Murnau fazem parte da programação, na Mostra Clássicos Alemães, com A Princesa das Ostras, de Ernst Lubitsch; A Última Gargalhada, de F. W. Murnau; Diário de uma Garota Perdida, de G. W. Pabst, e Dr. Mabuse, de Fritz Lang (dividido em duas partes).
Alemanha no Rio
Outras duas mostras homenageiam o cinema alemão. A Foco Alemanha traz vários títulos atuais do país. A Garota das Nove Perucas, de Marc Rothemund, e A Outra Pátria, de Edgar Reitz, estão entre eles. O Último Amor de Mr. Morgan, protagonizado por Michael Caine e dirigido por Sandra Nettelback, e o documentário Os Filhos de Hitler, de Chanoch Ze’evi, estão entre os mais aguardados.
A Escola de Berlim, movimento que mudou o cinema alemão, também ganhou uma mostra especial. Filmes de expoentes do movimento, como Christian Petzold, Angela Schanelec e Thomas Arslan estão na seleção. Destaque para a trilogia Dreileben.
América Latina
Já tradicional, A Première Latina apresenta uma seleção bem interessante de títulos. Alguns têm feito muito sucesso por onde passam, como 7 Caixas Paraguayas, de Juan Pablo Maneglia e Tana Schembori; La Piscina, de Carlos Machado Quintela; O Futuro, de Alicia Scherson, e Paraíso, de Mariana Chenillo.
A mostra traz ainda dois títulos bem curiosos: o documentário O Prefeito, de Emiliano Altuna, Carlos F. Rossini e Diego Osorno, sobre Mauricio Fernández, o riquíssimo prefeito de San Pedro Garza García, munícipio mais rico e seguro da América Latina, e As Buscas, de José Luiz Valle, filmado em sete dias com o orçamento de apenas 1.500 dólares.
O vencedor do prêmio de direção no último Festival de Cannes, Heli, de Amat Escalante, e Os Donos, de Augustín Toscano e Ezequiel Radusky, menção honrosa na Semana da Crítica, também estão na seleção.
Outras artes
Tradição também não falta à mostra Itinerários Únicos, com documentários que falam de personalidades de outras áreas. Neste ano, a fotografia se destaca com a exibição de A Fotografia Oculta de Vivien Maier, cuja habilidade para fotografar o cotidiano só foi descoberta após sua morte, e Get the Picture – Um Retrato de John G. Morris, lendário foto-jornalista que cobriu a Guerra Civil Espanhola e a Segunda Guerra Mundial.
A literatura também tem um espaço reservado, com Fragmentos de Dois Escritores, uma comparação entre o brasileiro Nelson Rodrigues e o norte-americano Edward Albee, e Gore Vidal e os Estados Unidos da Amnésia. No campo das artes visuais estão Restless – Kate Haring na Bahia e Richard Artschwager – Cale-se e Olhe; na videoarte, Sophie Calle, Sem Título, e na moda, Carine Roitfeld, Mademoiselle Vogue e The Director – Uma Criadora na Gucci.
Midnight
Outra mostra que é sempre esperada pelos frequentadores do Festival do Rio é a Midnight Movies. Divertida e às vezes aterrorizante, a seleção está bem variada este ano. Os que querem sentir medo, podem procurar O ABC da Morte, criação coletiva onde vários diretores foram convidados a falar de um modo de morrer; Os Lobos Maus, de Nanot Papushado e Aharon Keshales; The Green Inferno, de Eli Roth, e Uma Noite de Crime, de James Demonaco.
Quem gosta de realizadores excêntricos deve procurar Wrong Cops – Os Maus Policiais, de Quentin Dupieux, e de A Dança da Realidade, de Alejandro Jodorowsky. Dragonball Z: A Batalha dos Deuses deve divertir os fãs do anime.
Na mostra Midnight Música, com documentários musicais, os filmes que têm agradado ao público são: A um Passo do Estrelato, sobre backing vocals de grandes bandas; Nossa Querida Freda – A Secretária dos Beatles e Os Impostores do Hip Hop.
Outros destaque
A mostra Mundo Gay também tem os seus destaques. É o caso de Duo, de Nejc Gazvoda; Eu Sou Divine, de Jeffrey Schwarz; Hawaii, de Marcos Berger; O Comediante, de Tom Sckolnik; Um Dia Desses, de Travis Fine, e Valentine Road, de Martha Cunningham
A mostra Meio Ambiente traz dez selecionados este ano. Entre os documentários estão: A Escala Humana, sobre a remodelagem de Copenhague, capital da Dinamarca, pelo arquiteto Jan Gehl; Blackfish – Fúria Animal, sobre a baleia Tilikum, que causou a morte de três adestradores do Seaworld, e o tratamento dado aos animais em cativeiro, e O Último Oceano, sobre a preservação do Mar de Ross.
Claro que isso são apenas sugestões e, por se tratar de cinema, podem não agradar a todos.