Comédia e Drama
Criador: Phoebe Waller-Bridge
Temporada: 2
Elenco: Phoebe Waller-Bridge, Sian Clifford, Olivia Colman, Andrew Scott
Duração média: 23 min.
Canal
Tem algumas coisas que nos leva ao fim do poço: o luto, uma madrasta chata, brigas familiares, problemas financeiros e um coração partido, mas não tem coisa mais certa que a resiliência do esquisitão. A aclamada série Fleabag da Amazon Prime mistura tudo isso com humor britânico, exercício de empatia e epifanias, e principalmente, a genialidade de Phoebe Waller-Bridge, que cada dia amamos mais.
Após uma tragédia, uma jovem tenta tocar sua vida na normalidade juntamente com os demais dramas e eventos cotidianos que somam emoções, aprendizados e distrações ao mar de lamas que parece estar metida. Sua personalidade e a forma como encara grande parte das coisas a ajuda bastante a lidar com estes sentimentos e acontecimentos, mas é que a vida exige demais da gente às vezes.
Fleabag é esta protagonista, seu próprio nome já quer dizer tudo, e é exatamente isso que lhe dá força e que a faz tão especial. Ela não tem o menor problema com mentir, sacanear a madrasta, encher o saco da irmã e ter seus amantes sem envolvimentos emocionais ou pensar nas consequências maiores, mas sua fama (e como as pessoas lidam com ela) precede suas ações, então tudo ganha uma dinâmica muito mais divertida e inteligente por conta de sua sagacidade.
Os demais personagens também vão te fazer rir e chorar, conforme se relacionam com a principal. Sim, você vai rir muito e, dependendo do que já rolou aí na sua vida e de como está este seu coraçãozinho, vai ter lágrimas roladas com solucinhos leves. Provavelmente, quem pode te ajudar a transitar melhor pelos sentimentos, principalmente com os joguinhos sacanas acontecendo é a Madrasta (Olivia Colman) e Claire (Sian Clifford), já na segunda temporada, quem soma para condenar sua alma é o Padre (Andrew Scott), que vai deixar lembranças.
O luto dá um tom bastante cinza e frio que dá o contraponto com a própria Fleabag que tem um astral todo especial. A maneira como ele é apresentado, até na postura corporal fica evidente o quanto a tristeza é profunda, o quanto é difícil de fazer qualquer coisa que não seja pensar na perda e a incapacidade plena (mesmo que temporária) de um novo vínculo sentimental. Para quem já perdeu a mãe é muito fácil entender a magnitude e a importância deste processo lento e doloroso, que às vezes nos faz nos perder.
E é no retrato deste processo que Phoebe Waller-Bridge mostrou para o mundo o tamanho de sua genialidade tirando gargalhadas. Existe um jogo constante de auto-indulgência para quem vê, que cria uma cumplicidade tão forte com a protagonista que vai para o diálogo olho no olho. Delicioso!
Daquelas coisas para se identificar, para buscar inspiração para superações e para morrer de rir das coisinhas da vida e de quão divertido seria se tivesse coragem. Para ligar o foda-se de maneira sublime, desguste porque dura muito pouco.
O Melhor Episódio:
Episode #1.5