(Foxcatcher, EUA, 2014)
Direção: Bennett Miller
Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Sienna Miller, Vanessa Redgrave, Anthony Michael Hall, Guy Boyd
Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman
Duração: 129 min.
Nota: 6
Depois do sucesso na direção de Capote e O Homem que Mudou o Jogo, todos os olhos voltaram-se para Bennett Miller. Seu próximo projeto prometia: Foxcatcher – A História que Chocou o Mundo contaria a história real do milionário John du Pont, que montou sua própria equipe de luta livre e de sua relação com a dupla de irmãos lutadores Mark e David Schultz. John morreu na prisão, após matar o mais velho deles, David.
A promessa porém, não se realiza. O drama, até pela falta de informações do que realmente aconteceu, se mostra incompleto, carente de emoção. Sentimento que também não consegue ser despertado com a inserção das lutas. Miller aposta novamente na utilização de flashs rápidos, como em O Homem que Mudou o Jogo, mas sem algo mais emocionante, não consegue chegar muito longe.
Foxcatcher tem problemas sérios de ritmo. Por causa de uma má distribuição da ação, o segundo ato é pouco envolvente e cansativo. Os personagens poderiam ter despertado algum interesse até então, mas, ao contrário, quebram o vínculo com o espectador, que, a partir de então, acompanha tudo com muito menos interesse. E os problemas não param por aí. A fragilidade do roteiro está sempre presente, deixando transparecer que o que se vê na tela foi inseguramente adaptado de uma história real. Como se as lacunas fossem preenchidas com um certo medo de errar.
Para piorar, a concepção visual equivocada incomoda durante todo o filme. O longa-metragem é cheio de pausas narrativas descabidas, onde o principal objetivo é encontrar quadros visuais que pouco acrescentam na história e, por muitas vezes, não são tão bonitos assim. Há ainda fade mal utilizado, imagens de arquivos colocadas em momentos equivocados e muita coisa incômoda.
Se há acertos em Foxcatcher, eles estão nas atuações. Steve Carell (Uma Noite Fora de Série), que dá vida a John du Pont, faz um bom trabalho. Principalmente por se desvincular de tudo o que já fez anteriormente. Apresentando a convicção que falta ao roteiro, ele consegue controlar seu personagem e tem vários momentos tocantes, como quando tenta demonstrar um conhecimento que não tem, seja para o documentário que estão fazendo sobre ele, seja para impressionar a mãe, vivida por Vanessa Redgrave (Canção para Marion). Aliás, é nessa tentativa de aceitação que estão os melhores momentos do filme.
Do outro lado, como o lutador/treinador David Schultz, está Mark Ruffalo (Os Vingadores). Ele também impressiona, mas muito mais pela construção física do que por qualquer outra coisa. Channing Tatum (Magic Mike) está bem como o lutador Mark Schultz, mas ainda escorrega em exageros e em momentos inseguros, o que é bastante facilitado ao viver um personagem que já chega previamente estipulado.
A história, que, segundo o subtítulo, chocou o mundo, é boa e pode render boas adaptações. Liberdades criativas para descobrir os elementos que a causaram são bem-vindos, mas é fundamental que se acredite neles de verdade. Não é o caso de Foxcatcher, que acaba chegando mais longe pela polêmica que causou fora das telas do que pelo que realmente é.
Poderia ter explorado melhor a incompreensível dedicação a um país que abandona seus ídolos; a deformação da personalidade de quem tem tudo, menos afeto; a perda do poder que todos buscam, ou mesmo a sexualidade. Mas, não. O que se vê na tela é isso: muita pretensão para pouco resultado.
Um Grande Momento:
Jean sai da sala de treino.
Links
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