- Gênero: Terror
- Direção: Martin Wilson
- Roteiro: Michael Boughen
- Elenco: Katrina Bowden, Aaron Jakubenko, Kimie Tsukakoshi, Tim Kano, Te Kohe Tuhaka, Jason Wilder, Tatjana Marjanovic
- Duração: 91 minutos
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Depois que Jaume Collet-Serra nos apresentou Águas Rasas há cinco anos, o “filme de tubarão” não só perdeu a concorrência como chegou em um estágio sem novidades. Steven Spielberg inaugurou um filão particular em 1975 e desde então tentam superar aquela experiência, raramente com a mesma inventividade. Os produtores de Medo Profundo conseguiram uma brincadeira genuína e divertida com sua incursão no gênero, porém aqui nesse Grande Tubarão Branco, apesar da experiência com o tema, o resultado não se repete; essa estreia da Netflix serve aos fãs mais fervorosos de filmes sobre ataque animal.
Produção modesta ao ponto de se tornar perceptível, o diretor estreante em longas Martin Wilson há quase 20 anos não contribuía ao cinema em área alguma e ressurge aqui com pretensões ínfimas, e praticamente só entrega escapismo abaixo da média. Com um elenco de apenas cinco pessoas presas primeiro em um monomotor e depois em um pequeno bote. o filme não se sustenta enquanto realização ou narrativa, regurgitando tudo o que já vimos nesse subgênero, e contribuindo quase nada no quesito diversão. O resultado é um filme burocrático, cheio de lugares comuns construídos sem charme.
Por absoluta falta de recursos técnicos, Grande Tubarão Branco investiu tudo que podia nas aparições do personagem-título, ou especificamente na cena final, que é de fato a mais chamativa da produção em todos os sentidos. É interessante que tenham se preocupado com o grande motivo para ver o filme e tenham colocado esses esforços em primeiro lugar, mas tirando isso, o filme cai em lugares quase mambembes, como as noturnas da produção, claramente rodadas dentro de uma piscina de mínimas proporções, e a cena onde cai uma chuva no mar, mas ela só chama atenção na água, os atores não sentem seus pingos, ou seja, elementos muito básicos para a qualidade de um projeto.
Narrativamente, o drama é igualmente intenso, e não estamos falando da situação trágica de enfrentar um animal de cinco metros em alto mar. O filme constrói seus poucos personagens com o máximo de clichês possíveis, incluindo sabermos a ordem das mortes e como cada um agiria a cada ataque do bicho. Tem o riquinho semi-vilão, tem a moça frágil que se revela corajosa, o personagem cômico que será alívio de tensões, e o casal de heróis, que se amam porém tem problemas particulares. É tudo marcado com tanta mão pesada que acabamos não nos importando muito, nem com suas vidas ou com suas mortes.
Já se houver entre o público uma curiosidade enorme sobre mais um filme que vimos inúmeras vezes ao longo da vida (eu, por exemplo, sou obcecado com filmes passados na neve; assisto qualquer um, incluindo os que eu sei que me aborrecerei), Grande Tubarão Branco é um sucesso certo da Netflix que agradará esse espectador em específico, e deixará todos os outros entre o incomodado e o irritado. São 1 h e 15 minutos de pura repetição para chegarmos a um clímax decente; se valerá a pena, cabe a cada um decidir.
Um grande momento
De cara com o bicho