Crítica | Streaming e VoD

Herói por Encomenda

Um filme qualquer

(Freelance , EUA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Aventura, Comédia
  • Direção: Pierre Morel
  • Roteiro: Jacob Lentz
  • Elenco: John Cena, Alison Brie, Juan Pablo Raba, Christian Slater, Alice Eve, Marton Csokas, Molly McCann, Robert Cano
  • Duração: 105 minutos

Vez por outra, a gente esbarra em títulos inesquecíveis, daqueles que moldam o nosso caráter e acabam marcando uma época, em nossas vidas e na própria História do Cinema. Isso definitivamente não acontece todos os dias, e temos de estar preparados para quando essa oportunidade chega, que é rara. Bem… esse é o oposto do que acontece assistindo Herói por Encomenda, um filme tão banal e repetitivo dentro de tudo o que já vimos em nossa cinefilia, que o aborrecimento não demora a vir. Em menos de duas horas, essa sensação se transforma cada vez mais e segue parecendo alongada sem ser. E seguimos adiante tentando descobrir porque esse filme, que não é ótimo nem horrível, incomoda tanto. E a resposta está justamente aí, nesse compromisso com a irrelevância.

Pierre Morel nunca foi um diretor a quem pudesse ser confiada originalidade ou autoria. Sua estreia em B13 – 13o Distrito mostrou que o cinema francês poderia contar com um bom cineasta de ação, mas no filme seguinte ele já tinha sido cooptado para os Estados Unidos, para passar anos e anos assinando Busca Implacável e afins. Herói por Encomenda ao menos é divertido, utiliza a comédia como ponto de fuga, mas a verdade é que não era bem o título que pedia comédia. Imaginem, um filme sobre um possível golpe de estado bastante violento em um país fictício da América Latina, colocar leveza e humor enquanto pessoas levam tiros, que explodem em sangue, em meio a governos de extrema direita tentar criar essas narrativas por esses lados. Mau gosto é o mínimo possível a ser comentado. 

Há quase 40 anos, Sonia Braga, Richard Dreyfuss e Raul Julia protagonizaram Luar sobre Parador, uma comédia sobre uma tentativa de golpe em um país fictício, mas existe uma “pequena” diferença entre Paul Mazursky e Pierre Morel, ou seja, por lá a narrativa colou. Em Herói por Encomenda, o elenco ou está desconfortável (como Alison Brie, inexplicável sua presença aqui) ou de fato erra mais do que acerta em suas escolhas, como John Cena. O ator surgiu como lutador profissional, se transformou em rapper e há algum tempo migrou para a atuação, mas sua presença só funciona em casos muito específicos, geralmente quando se ridiculariza; não é o caso daqui. O resultado é que o ator é uma das âncoras que puxa o filme para baixo. 

Apoie o Cenas

Mas não se trata exclusivamente de responsabilidade do protagonista, os motivos pelo qual Herói por Encomenda é um naufrágio que acompanhamos do início ao fim. O principal deles é a sua mesmice absoluta, conforme já dito; não há nada no filme que já não tenha sido testado inúmeras vezes, e todas as situações repetidas do filme geram outras no mesmo esquema. A perda de paciência com o filme é inevitável, porque estamos debruçados sobre um produto desinteressante e que parece nem se esforçar para o quadro geral não provocar enfado. O problema é que ninguém parece acreditar no que está fazendo, e estão em cena somente para cumprir uma tabela, além de precisar mostrar aos produtores que não podem perder a confiança para os próximos projetos. 

No quesito ação, é tudo ainda mais genérico, e a utilização do CGI é tão obrigatório pelo filme, que o espectador tende a se desprender do quadro antes do final. Levando em consideração, no entanto, que esse é um projeto de tiozão que curte cine pancadaria, o público a quem foi destinado Herói por Encomenda aprovou com louvor o que é feito aqui. Quanto ao restante dos assinantes Prime Video que o colocou entre os mais assistidos da atualidade do streaming, creio que exista muita decepção ao final da produção. Sem agrupar qualquer valor mais amplo ao filme, avançamos para a reta final ainda incrédulos sobre as necessidades de cada filme. Esse aqui só pede que você dê o play no canal, nenhuma ambição a mais. 

Um grande momento

A emboscada inicial

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
Assinar
Notificar
guest

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver comentário
Botão Voltar ao topo