Crítica | Outras metragens

História para 2 Trompetes

O que você quer vê

(Histoire pour 2 Trompettes, FRA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Animação
  • Direção: Amandine Meyer
  • Roteiro: Amandine Meyer
  • Duração: 5 minutos

O fim de uma paixão e a ruptura que ela causa na personagem levam o espectador a navegar pelo rio de lágrimas onde se dá a jornada de vida da protagonista. Em História para 2 Trompetes, Amandine Meyer trilha um caminho encantado e colorido, em aquarela e animação a traço, que volta ao passado e vai buscar o futuro. Tudo é meio mágico em suas transformações e a subjetividade é o ponto alto daquilo que se vê.

Reconhecendo que a jornada é a de uma mulher, são fases que se sucedem, a bebê que se transforma em menina, criança e mulher. Da adolescência à maternidade, ela aprende a lidar com a tristeza e a desenhar o seu destino, descobre os amores eternos e efêmeros e se encontra. Tudo com muito cuidado, em especial na mescla das técnicas que destacam os movimentos e reforçam a fluidez dos eventos.

A liberdade de História para 2 Trompetes possibilita o reconhecimento e a identificação, e provoca outras tentativas de interpretação. É possível enxergar um ciclo de restauração muito específico, se o começo for interpretado de uma maneira definitiva. Ali estaria aquela regressão que só mesmo a paixão pode causar e a retomada da vida após a cura, ainda que um novo encontro levasse ao mesmo lugar.

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De outra maneira, dá para ver uma projeção frustrada que surge no momento da ruptura e é resultado de toda uma estrutura ancestral que determina caminhos específicos às mulheres, por mais que se veja ali alguém que, desde muito pequena, tem tudo para estar fora dos padrões. Ou, por outro caminho completamente diferente, pode-se ir apenas pela aleatoriedade mesmo, e deixar-se levar pelas imagens que trazem, cada uma a seu tempo, seu significado.

História para 2 Trompetes é baseado no último conto da antologia “Histoire décolorée”, escrito pela própria Meyer e lançado em 2016. 

Um grande momento
A estátua que quebra

[13º MyFrenchFilmFestival]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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