Crítica | Outras metragens

How to Rig an Election: The Racist History of the 1876 Presidential Contest

Passado que não passa

(How to Rig an Election: The Racist History of the 1876 Presidential Contest, EUA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Documentário
  • Direção: Emily Kunstler, Sarah Kunstler
  • Roteiro: Jeffery Robinson
  • Duração: 7 minutos

É errado pensar que as eleições de Trump x Biden foram as mais tumultuadas dos Estados Unidos. Assim começa o curta-metragem How to Rig an Election: The Racist History of the 1876 Presidential Contest, ou Como Fraudar uma Eleição: A História Racista da Disputa Presidencial de 1976 em português. Narrado por Tom Hanks, o filme trata do mais complexo, corrupto e conspiratório pleito do país e que, de certa forma, ou melhor, de todas as formas, levou ao que hoje está posto por lá.

Fazendo uso de muitos gráficos, animações e recuperando matérias de jornais e ilustrações da época para contar essa história, expõe a semente da segregação racial. O documentário investiga como se chegou a esse ponto, partindo do final da Guerra de Secessão e da derrota dos Confederados, do fim da escravidão e do crescente incômodo dos estados do Sul com a Reconstrução, que passou a garantir vários direitos civis aos negros. Com um ritmo frenético, o filme explica republicanos e democratas – os do passado, não os do presente, porque hoje o que era direita virou “esquerda” e o que era “esquerda” virou direita – e a influências de antigos políticos.

Entre tantas informações, estão também momentos marcantes e igualmente absurdos, como o providente assassinato de Lincoln e a consequente posse do racista Andrew Johnson na presidência, os Black Codes, a Ku Klux Klan e mais. Até que se chega à malfadada eleição e o que está vertiginoso fica ainda mais, trazendo uma profusão de maracutaias, acordos estranhos e interesse escusos. Nada que não se tenha visto na política um milhão de vezes, mas aqui com um elemento cruel e terrível, o tratamento à população negra. Para além da intimidação para a não participação e crueldade das leis de Jim Crow, disfarça-se tudo sob a falácia da manutenção de diretos.

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É preciso conhecer o passado para entender o presente, e How to Rig an Election faz todo esse percurso pela história dos EUA, ainda que tenha um olhar branco para tudo isso – já que é dirigido pelas irmãs Emily e Sarah Kunstler e narrado por Hanks. Com uma execução eficiente, que torna interessante para novas gerações uma história que precisa ser conhecida, o filme é um documento importante para compreender a onda supremacista branca que assola o país, o surto ultradireitista, além da violência das forças estatais e da segregação carcerária, algo que é apenas a manutenção do que existia e é validado desde lá.

Um grande momento
O resultado

[19º HollyShorts Film Festival]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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