Crítica | Outras metragens

Last to Leave

Estranhamentos

(Last to Leave, EUA, 2024)
Nota  
  • Gênero: Ficção
  • Direção: Mary Elizabeth Ellis
  • Roteiro: Mary Elizabeth Ellis
  • Elenco: Mary Elizabeth Ellis, Malcolm Barrett, Ginger Gonzaga, Briana Venskus, Laith Ashley, Andrew Pack
  • Duração: 9 minutos

São muitos os filmes que falam do fim do mundo. Em Last to Leave, primeiro dirigido pela atriz Mary Elizabeth Ellis, em um ambiente de catástrofe generalizado, um vírus misterioso assola a humanidade. Depois de nos expor a situação, ela nos apresenta seus personagens, um grupo de amigos que se reúne para se despedir naquele que parece ser um dos poucos ambientes seguros até ali, o bar de um velho conhecido. Duas estranhas surgem sem aviso, de forma estranha, e se juntam a eles.

Poucas cores e pouca luz trazem o clima imperante no exterior para o local, por mais que a intenção dos amigos seja fugir do sentimento. A atenção volta-se a detalhes do diálogo e de cada uma daquelas pessoas. A dinâmica estabelecida é banal, trazendo o contraste entre a intimidade e o estranhamento para o primeira plano. O grupo e as amigas não têm nada em comum além da suposta fuga ou despedida do mundo como ele é, e seus comportamentos em situações simples, como a escolha do drink ou o brinde, destoam.

Para além dos eventos fora daquele espaço, que quase se tornam insignificantes, Ellis estabelece a tensão com as interações. Ela ainda transforma aquilo que estava posto, criando intimidades que levam sempre a novos pontos de ruptura e novos momentos de ansiedade. A diretora também está em cena como uma das intrusas, ao lado de Malcolm Barrett, Briana Venskus, Laith Ashley e Andrew Pack, os amigos. Porém, é mesmo Ginger Gonzaga quem se destaca como a outra estranha. De postura igualmente esquisita e pausas inesperadas, é ela quem tem as reações mais evidentes.

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A forma como Last to Leave se encaminha é previsível, mas o modo como a resolução se apresenta tem um quê de curiosidade, tanto pela violência quanto pela estética. Entre tantas possibilidades, ele apresenta o que já se sabia, mas faz isso com alguma originalidade. Indo além de efeitos visuais, vale destacar neste momento a participação de Malcolm Barrett, e de seu Thom, em um registro que estabelece um vínculo inesperado, numa construção necessária para dar força ao desfecho.

Não é um curta inesquecível e nem traz algo essencial. Sua metáfora, inclusive, fica pelo caminho. Mas é um exercício eficiente e uma estreia competente. 

Um grande momento
Acidente na pista de dança

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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