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Meu Nome É Dolemite

(Dolemite Is My Name, EUA, 2019)
Comédia
Direção: Craig Brewer
Elenco: Eddie Murphy, Keegan-Michael Key, Mike Epps …
Jimmy, Craig Robinson, Tituss Burgess, Da’Vine Joy Randolph, Kodi Smit-McPhee, Snoop Dogg, Ron Cephas Jones , Barry Shabaka Henley, T.I., Luenell, Tasha Smith, Wesley Snipes, Chris Rock
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Duração: 118 min.
Nota: 9 ★★★★★★★★★☆

Blaxploitação, subgênero do cinema norte-americano que rendeu ao mundo petardos como Shaft, Coffy e Superbad, e também trouxe notoriedade a figuras como Rudy Ray Moore. O comediante stand-up que se popularizou entre a comunidade afro-americana pelo conteúdo sem filtro e piadas de cunho sexual resolveu alçar vôos mais altos e se aventurar na telona.

A história é a desse pioneiro maluco, que juntou dinheiro do próprio bolso para bancar a produção cinematográfica. Qualquer semelhança com outro maluco – Tommy Wiseau e seu The Room – não é coincidência, ainda mais considerando que cerca de dois anos atrás James Franco dirigiu e estrelou Artista do Desastre, narrando as desventuras do horroroso ator e cineasta. Fato é que na narrativa metalinguística do filme sobre o filme e a persona por trás de tudo, essa produção estrelada por Eddie Murphy leva a melhor – com muito soul.

O próprio, alçado em meados dos anos 70/80 ao posto de um dos grandes astros da comédia, que depois migra para o cinema com igual sucesso, viu a carreira degringolar e os bons papéis rarearem. Ele entrega, como Dolemite/Rudy Ray Moore, uma atuação passional, engraçada e comovente, apoiado por um grupo de atores fantásticos que formam a trupe mambembe dos colaboradores no filme: Tituss Burguess (o fiel escudeiro Theodore Thoney), Craig Robinson (o soulman Ben Taylor), Keegan Michael-Kay (o dramaturgo Jerry Jones), Wesley Snipes (a prima donna D’Urville Martin) e até Snoopy Dog como o dj!

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Todo o dilema do produtor independente, que bota o disco embaixo do braço e sai fazendo propaganda em carro som ou negociando diretamente com o dono de uma sala de exibição a bilheteria e a pipoca, está ali em cenas muito bem orquestradas.

O carisma de Eddie Murphy/Dolemite em uma jornada que não é apenas rumo ao estrelato mas para dar espaço às pessoas afro-americana na mídia engaja a audiência, indo além da clássica saga do herói que supera obstáculos para triunfar sozinho. Tendo um ótimo roteiro como base, o diretor Craig Brewer faz um trabalho excelente ao resgatar o groove daquela época e o fascínio que os filmes da blaxploitação guardavam, falando de representatividade (trazendo até códigos do cinema asiático, como o Kung Fu) e a vida nas ruas dos que vivem à margem do American way of life.

Um Grande Momento:
A magia do cinema embasbacando o protagonista ao tomar forma na fila quilométrica.

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Lorenna Montenegro

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo. É uma Elvira, o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Cursou Produção Audiovisual e ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema.
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