Comédia
Direção: Paolo Virzì
Elenco: Micaela Ramazzotti, Valeria Bruni Tedeschi, Valentina Carnelutti, Marco Messeri, Bob Messini, Roberto Rondelli, Anna Galiena, Tommaso Ragno, Sergio Albelli, Marisa Borini
Roteiro: Paolo Virzì, Francesca Achibugi
Duração: 118 min.
Nota: 7
Um novo modo de olhar para as pessoas internadas em instituições para doentes mentais. É o que desperta o novo longa-metragem de Paolo Virzí (Capital Humano), Loucas de Alegria, apresentado na mostra 8 ½ Festa do Cinema Italiano e que chega hoje aos cinemas.
Indo além de estigmas e preconceitos, o diretor concentra a atenção em duas mulheres: Beatrice, uma senhora refinada, que, com mentiras constantes, criou um mundo próprio para viver com seu autoritarismo e complexo de superioridade; e Donatella, uma jovem suicida, condenada por um crime grave, que tem um único objetivo na vida.
Completamente diferentes, passado o estranhamento inicial, Donatella acaba sendo envolvida pelas tentativas de aproximação de Beatrice e as duas tornam-se grandes amigas. Como toda amizade, altos e baixos permeiam a relação, aqui de maneira muito mais extremada do que a habitual, já que as duas têm muita dificuldade em lidar com os próprios sentimentos.
Diferente de Um Estranho no Ninho, filme de Milos Forman também sobre instituições psiquiátricas, Virzì não tem pretensões de funcionar como denúncia. O que se mostra, sem julgamentos, são os seres humanos, seus sentimentos, anseios e necessidades.
Enquanto o longa de 1975 é um drama pesado, que deixa um gosto amargo na boca, em Loucas de Alegria, por mais que a história daquelas pessoas seja também pesada, tudo é envolvido em muita sensibilidade e, por incrível que pareça, aventura.
Ponto central do filme, a amizade é exposta de maneira muito doce e, de certo modo, feliz. O sentimento é reforçado pela direção de arte propositalmente colorida, cheia de estampas florais, tons alegres e muitos contrastes.
Muito do resultado se deve às atuações de Valeria Bruni Tedeschi (Amor em 5 Tempos), como a espevitada e divertida Beatrice, e de Micaela Ramazzotti (Anos Felizes), como a retraída e desconfiada Donatella. Enquanto a primeira apareça mais pelo papel efusivo e cheio de arroubos, a segunda chega para equilibrar o que se vê, fazendo muito de maneira discreta e silenciosa.
Loucas de Alegria é bastante seguro no ritmo que escolhe seguir e, embora escorregue um pouco na solução de seus conflitos, consegue emocionar quem o assiste. Mais do que isso, quebra barreiras ao se dedicar a uma história de pessoas que, na vida real, costumam não ter muita atenção.
Um Grande Momento:
Pegando o ônibus.
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