- Gênero: Comédia
- Direção: Paco Caballero
- Roteiro: Cristóbal Garrido, Adolfo Valor
- Elenco: Carmen Machi, Quim Gutiérrez, Justina Bustos, Yolanda Ramos, Dominique Guillo
- Duração: 110 minutos
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Largado no altar. Abandonado na Lua de Mel. José Luís é um cara chato e lamurioso, que mal percebe porque sua vida deu tão errado devido a incapacidade de relaxar. E a mãe, Mari Carmen é tão chata quanto. Essa dupla super bem escrita pelos roteiristas Adolfo Valor e Cristóbal Garrido vive um naco de história em Lua de Mel com A Minha Mãe.
Paco Caballero (da comédia erótica Se Organizar Direitinho…) capricha nas piadas escatológicas – com direito a vômito e acidente envolvendo partes íntimas – para fazer rir, mas não consegue extrair nem um tímido riso de canto de boca dos espectadores. É verdade que estar tão à vontade com os clichês do gênero faz de Lua de Mel com Minha Mãe, que foi uma das estreias na finaleira do mês na Netflix já no top de filmes mais vistos, um passatempo apenas recomendado para desligar o cérebro por menos de duas horas.
Nem o típico relacionamento entre mãe protetora e carente com um filho sisudo, que às vezes funciona em comédias que consegue suplantar os estereótipos, rende nesse filme. A trilha sonora, oscilando entre pérolas dos anos 80 e musiquinhas pop indissociáveis do tik tok mais irrita do que funciona como ingrediente para ajudar a tornar a trama minimamente agradável.
Quinn Gutierrez vive o azarado e mal amado noivo largado enquanto que a veterana atriz e comediante Carmen Machi (de Tribu Urbana Dance, também da Netflix) empresta sua graça à mãe super protetora e insuportável. A dinâmica da farsa no resort onde os “recém casados” teriam sua noite de núpcias e primeiros dias juntos se assemelha àquela de Ressaca de Amor, onde o chutado ex de Sarah Marshall tenta esquecê-la indo para o resort onde ela está de férias com o novo namorado só para conhecer um novo amor.
Eis que tanto José Luís quanto Mari Carmen ganham um interesse amoroso repentino pra cada, saem pela ilha e aparentemente se aproximam como nunca foi possível antes. O filho empatiza com a vontade da mãe de curtir uma viagem como nunca pôde, descobre coisas antigas e recentes sobre a vida dela e se torna um cara um pouco menos egoísta, para assim “se abrir para a vida” e permitir que o coração partido seja remendado. Mas entre tantos problemas na construção de personagens e abordagem, Lua de Mel Com A Minha Mãe assume uma postura muito sexista, não dando camadas que tirem do papel de ridículo a mãe ou mesmo construindo situações dramáticas que mostrem que a mulher pode ser uma pessoa para além do papel materno.
Lua de Mel com a Minha Mãe tem um pouco de tudo: contato (indesejado) com a natureza, cenas esquisitas de beijos na boca acidentais entre mãe e filho, ida a um bar clandestino, nativos enganando os turistas que falam um parco inglês, visita à prisão e a típica funcionária intrometida do resort. Nem a paisagem belíssima das Ilhas Maurício consegue tornar a experiência menos aborrecida e boba.
Um grande momento
fuga do casório ao som de “We Belong” de Pat Benatar.