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Luzes na Escuridão

(Laitakaupungin valot, FIN/ALE/FRA, 2006)

Drama
Direção: Aki Kaurismäki
Elenco: Janne Hyytiäinen, Maria Järvenhelmi, Maria Heiskanen, Ilkka Koivula, Sergei Doudko
Duração: 78 min.
Nota: 7/10 ★★★★★★★☆☆☆
O diretor finlandês Aki Kaurismäki sabe, como poucos, valer-se da miséria humana para contar a história de seu país, a gélida e de identidade vacilante Finlândia. Com personagens quase sempre sem perspectivas e apáticos, ele expõe as fraquezas de sua Terra.

Luzes na Escuridão chega como a última parte da trilogia iniciada com Nuvens Passageiras e Um Homem Sem Passado. No filme, Koistinen é o segurança noturno de uma joalheria. Sua vida é insignificante e ele tenta se agarrar em projeções de um futuro inatingível.

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Solitário e introspectivo, seu único relacionamento social parece ser com a vendedora de salsichas de um trailer no caminho de casa, com quem troca duas ou três palavras ao fim do dia.

Até que uma loira se aproxima e ele se interessa por ela. Na verdade, tudo que ela quer é se aproveitar dele para roubar a joalheria.

Ainda que a trama lembre o estilo _noir_ de fazer cinema, as semelhanças se dissipam nas primeiras interações entre os personagens e no jeito autoral do cineasta finlandês pensar o cinema.

Planos extremamente tradicionais, quase nenhuma trilha sonora, diálogos escassos e interpretações propositalmente forçadas dão o tom solitário e desesperançoso à história deste homem e, mesmo com a narrativa lenta, envolvem os espectadores e causam sentimentos conflitantes, como a raiva e a compaixão pelo protagonista.

Com Luzes na Escuridão, Kaurismäki completa o seu ciclo. Se em Nuvens Passageiras a dupla central não tem um presente e em Um Homem Sem Passado o protagonista não tem nenhuma história sobre sua vida para contar, em Luzes na Escuridão, é o futuro quem deixa de existir.

Uma obra diferente do convencional e que merece ser conhecida. Os mais impacientes e agitados podem ficar incomodados com o ritmo.

Um Grande Momento

A saída para resolver o problema do cachorro.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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