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Melhores Inimigos

(Best of Enemies, EUA, 2015)

Documentário
Direção: Robert Gordon, Morgan Neville
Roteiro: Robert Gordon, Morgan Neville
Duração: 87 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Os diretores Robert Gordon (Johnny Cash’s America) e Morgan Neville (A um Passo do Estrelato) associam a derrocada do jornalismo televisivo a uma série de eventos específicos: a série de debates entre Gore Vidal e William F. Buckley, rivais ideológicos convidados pela rede abc de televisão para comentar as convenções dos partidos republicano e democrata no ano de 1968.

Para defender sua teoria, os dois revivem com Melhores Inimigos o combate oral entre os dois pensadores que, embora tivessem muita coisa em comum em seu jeito de se portar, no modo de falar e na educação que receberam, tinham posições ideológicas completamente diferentes. Enquanto Buckley era um conservador extremado, que combatia a esquerda e até aqueles que não eram tão de direita assim; Vidal era um libertário, com ideias bastante ousadas para a época e defensor dos direitos das minorias.

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O principal valor do documentário está nesse retorno a duas figuras que, com posições firmes e uma capacidade oratória inquestionável, cada um a sua maneira, influenciaram o modo de pensar e agir de muitas outras pessoas.

Para isso, os diretores juntam depoimentos dos próprios personagens, alguns lidos pelos atores John Lithgow, como Vidal, e Kelsey Grammer, como Buckley, sobrepostos por imagens de arquivos; a outros resultantes de entrevistas com os próprios ou de participações em programas televisivos. Além de recrutar uma série de biógrafos de ambos e algumas pessoas mais próximas, como o irmão de Buckley. Imagens de filmes baseados nos livros de Vidal também foram aproveitados.

Todo o conteúdo, obviamente, está entremeado à série de dez debates promovida pela abc e que, entre ironias, provocações e algum conteúdo de qualidade, culminou em uma sequência de agressões ao vivo, quando, depois de ser provocado por Vidal, Buckley disse ao vivo: “Now listen, you queer, stop calling me a crypto-Nazi or I’ll sock you in your goddam face, and you’ll stay plastered”, Algo como “escuta aqui, sua bicha, pare de me chamar de cripto-nazi ou eu vou esmurrar essa sua maldita cara e você vai precisar ser engessado”.

O que começa muito bem e interessante, acaba tornando-se cansativo. É instigante ver aquelas duas figuras, mas o debate entre eles, mostra-se bastante esvaziado hoje em dia, quando algumas de suas defesas já são uma realidade nos dias atuais.

A associação aos efeitos do debate na mídia são deixadas de lado por muito tempo e não são tratadas como o ponto central do documentário, surgindo às vezes com citações menos importantes. Pelo menos até a parte final do filme, quando a dupla de diretores realmente resolve investir na proposta inicial.

Mas falta tempo e profundidade à tentativa. Além de não haver uma real comprovação de que esse apego sensacionalista só começou a existir com o estouro de Buckley. Não existe uma pesquisa real sobre o comportamento da mídia na época, porque, justamente, perde-se tempo demais com a história dos dois personagens. Como se um certo deslumbre pelas figuras impedisse a dedicação a qualquer outra coisa.

Não que invalide todo o trabalho de pesquisa em Melhores Inimigos, já que a parte que cativou os documentaristas, realmente tem o poder de cativar quem a conhece, mas falta muita coisa para o que se afirma no final.

Um Grande Momento:
As pessoas estáticas no switcher da rede abc.

Melhores-inimigos_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=CzgfQvB2dvA[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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