- Gênero: Comédia
- Direção: Ale McHaddo
- Roteiro: Paulo Cursino
- Elenco: Leandro Hassum, Rômulo Arantes Neto, Monique Alfradique, Mel Maia, Caio Mendonça, Edson Celulari, Antônio Fragoso, Eliezer Motta, Maria Flor Franco
- Duração: 85 minutos
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Vamos combinar que durante muito tempo da duração de Meu Cunhado é um Vampiro, hit nacional em cartaz na Netflix, torcemos para que Fernandinho, protagonista vivido por Leandro Hassum, perca a batalha contra o ser noturno que duplamente está em seu título. Sabemos que Hassum geralmente interpreta malas sem alça, mas aqui ele pega pesado, soando machista e homofóbico diversas vezes – mas daquele jeitão tradicional do hetero brasileiro, sem querer ofender, claro. O personagem, no invólucro, é um tipo boa praça que convive com um trauma do passado que envolve sua história como craque do futebol, mas nas picuinhas do dia a dia ele se transforma nesse homem cheio de escorregões nos detalhes. Como dito, aquele heterossexual cis branco típico, que erra sem nem sequer se questionar porque nem imagina que o mal se esconde nas entrelinhas.
O que livra a cara de Fernandinho é que a gente vai com a cara da família dele muito rápido, o que inclui a sempre talentosa Mel Maia como sua filha mais velha, e o belo momento de Monique Alfradique como atriz. Simpática e muito extrovertida, Hassum encontrou uma excelente companheira de cena, que responde à altura ao seu carisma e a sua disposição de se despir no humor. Com esse quadro geral, incluindo um futuro genro também gente boa vivido por Caio Mendonça, Meu Cunhado é um Vampiro acaba nos convencendo que é legal torcer pelos humanos. Quem sabe o futuro dê um jeito em Fernandinho, ao perceber que todos à sua volta – incluindo seu cunhado morto vivo – são mais legais que ele.
Com roteiro do indefectível Paulo Cursino e uma direção que flerta com o requinte de Ale McHaddo, a bola fora da curva de Meu Cunhado é um Vampiro é a kriptonita das comédias: o filme acha que é muito mais engraçado do que de fato é. Não é que não consigamos rir da produção, a graça está lá, em alguns momentos, e o filme consegue nos levar a alguma gargalhada. Muito menos do que tenta arrancar do espectador, que segue interessado na produção pelos seus valores técnicos, que mostram como McHaddo é uma diretora que observa o produto como um todo, e não apenas em lugares específicos. Graças ao seu empenho, o filme não incomoda tanto quanto deveria a um título que tem certeza absoluta que é hilário, mesmo quando não consegue ser.
Essa não é a primeira vez que McHaddo e Hassum se encontram (Amor sob Medida) e nem será a última (Uma Advogada Brilhante vem aí), mas tem algo que funciona muito melhor que na parceria dele com Roberto Santucci. McHaddo consegue extrair de Hassum uma humanidade que só em Tudo Bem no Natal que Vem tinha se explicitado. Não estou dizendo que falte qualquer coisa no ator Hassum, como talento e versatilidade, ele já provou ambos. O que McHaddo trás a tona é um desarmamento de seu protagonista, que já tinha se observado anteriormente também com ela, e aqui também soa perceptível. O humor galhofeiro e físico do astro de Até que a Sorte nos Separe não desapareceu, apenas a ele é acrescentado um olhar doce.
Independente dos talentos já destacados de seus atores, da belo pensamento de colocar Edson Celulari em cena, e de mais uma vez Cézar Maracujá protagonizar um dos melhores momentos da produção (parece que o cara me paga, porque sempre o cito, mas eu só fico espantado mais uma vez com seu talento mesmo, e com seu humor tão natural), Meu Cunhado é um Vampiro é um triunfo técnico. Sua maquiagem bem elaborada quando tem de ser – e meio escrota também, quando o roteiro assim pede – e os efeitos especiais rebuscados não são disfarçados ou tímidos. Eles enchem os olhos e muitas vezes amolecem um filme que pode parecer meio travado algum momento ou outro. São vindos diretamente de sua qualidade surpreendente que o filme alça voos surpreendentes, até chegar em um clímax que fica na cabeça, mais uma vez pela finesse com que apresenta seus resultados.
Meu Cunhado é um Vampiro ainda se encerra com uma brincadeira que também pode ser um gancho para uma continuação que me interessa ver, porque nessa rápida cena mais uma vez os efeitos práticos e de maquiagem impressionam. E quem ficaria triste com uma franquia de terror cômica extremamente bem produzida e que pode contar até com uma calibrada nas piadas da próxima vez? Olha… vou dizer que torço para acontecer, com a expectativa de novo assombro das mãos de McHaddo.
Um grande momento
#SomosTodosGari
Não me recordo de ter visto nada homofóbico no filme