1 década 10 filmes

1 década 10 filmes: Musical

O 1 década 10 filmes de hoje vai falar sobre um dos gêneros mais controversos do cinema: o musical, aquele que uns amam de paixão e outros odeiam irremediavelmente. Mas a ligação entre música e filmes é tão compreensível que bastou o som chegar ao cinema para que os musicais ganhassem as telas. Mas não sem algumas dúvidas: será que o musical é mesmo um gênero de cinema? Se pensarmos que podem ser dramas, comédias ou outros, talvez seja um técnica de cinema, assim como a animação.

Mas se diferencia evidentemente de todo o resto e, seja em Hollywood, no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, o interesse em descobrir como criar histórias musicais sempre teve o seu espaço reservado, acompanhando as mudanças de ambos os dois.

O musical surge em 1927, justamente no primeiro filme com trilha sonora sincronizada, O Cantor de Jazz, um longa cheio de problemas éticos. A ele, na mesma década, seguiram muitos outros, com destaque para a comédia dos Irmãos Marx Hotel da Fuzarca, que não está aqui na lista, mas encerra a década para trazer um monte de outros filmes deles na década seguinte.

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Nos anos 1930, muita coisa nova, com números musicais descolados da narrativa ou mesmo com a integração de cenas de dança e canto incorporadas à história. É quando aparecem grandes nomes, como Fred Astaire, Ginger Rogers, Judy Garland e outros. Foi uma boa década também no Brasil. Embora com uma produção muito próxima da que vinha dos Estados Unidos, Wallace Downey, um representante da Columbia Records enviado ao Brasil, lança aquele que seria o primeiro sucesso comercial de um filme falado por aqui: Coisas Nossas. O dramaturgo Oduvaldo Vianna também faz a sua estreia nos musicais nesta década.

O mesmo Oduvaldo que vai, no final da década seguinte fazer testes para a implantação da televisão com o filme Quase no Céu. Foram várias as estrelas de musicais no Brasil, filmes que em sua maioria tinham o formato de revista – com apresentações de cantores em meio a narrativa. Na época de ouro dos estúdios brasileiros, grandes nomes do nosso cinema estiveram ali, como Ankito, Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves e muitos outros.

Os anos 1950 são marcados pelas produções mais interessadas na integração. São lançados grandes clássicos do cinema, como os escolhidos aqui e mais algumas ousadias, como o western Sete Noivas para Sete Irmãos ou o distante O Rei e Eu. É a década de Vincente Minnelli, Stanley Donen e outros.

A medida que o cinema vai andando, o musicais se multiplicam, com vários lançamentos em um mesmo ano. A década de 1960 pode ser considerada o apogeu da primeira fase do gênero, uma fase marcada pelos filmes de Robert Wise, Robert Stevenson e George Cukor. Jacques Demy também chega para colocar a França definitivamente no mapa com os sucessos Os Guarda-chuvas do Amor e Duas Garotas Românticas.

Os eventos que sacudiram o mundo no final dos anos 1960 obviamente também afetam o cinema e, claro, os musicais. Os anos 1970, até sua metade, têm filmes engajados, voltados à nova realidade. Uma inovação que se estende à década seguinte, apesar de mesclar estruturas clássicas a videoálbuns e resgates de títulos anteriores.

Nos anos 1990, o gênero sente uma perda de espaço, mas encontra seu lugar nos desenhos animados, como os da Disney. As adaptações de contos de fadas recheadas com muita música e números avulsos, reacenderam o estúdio. É no final dos anos 1990 que o musical começa a ganhar espaço novamente, principalmente com adaptações dos grandes espetáculos da Broadway, como Chicago, O Fantasma da Ópera, Rent ou Mamma Mia!.

A intenção dessa lista é percorrer esse caminho traçado pelos musicais, sem poder se aprofundar tanto, já que não é possível escolher mais de um filme por ano. São escolhas dolorosas e filmes que ficam de fora que, sem dúvida, fariam a diferença aqui, como Mary Poppins, Moulin Rouge, Minha Bela Dama, Vítor ou Vitória e por aí vai. Lembrando que alguns clássicos e títulos adorados pelo público ficam de fora para que algumas descobertas aconteçam.

Cliquem nas páginas para descobrir os filmes de cada década e divirtam-se!

Musicais nos Anos 1920

1927: O Cantor de Jazz (The Jazz Singer), de Alan Crosland

1928: A Última Canção (The Singing Fool), de Lloyd Bacon

1929: Aplausos (Applause), de Rouben Mamoulian

Anos 1930

1930: Um Romance de Veneza (The Big Pond), de Hobart Henley

1931: Coisas Nossas, de Wallace Downey

1932: The Congress Dances, de Erik Charell

1933: Diabo a Quatro (Duck Soup), de Leo McCarey

1934: Zuzu (Zouzou), de Marc Allégret

1935: O Picolino (Top Hat), de Mark Sandrich

1936: Bonequinha de Seda, de Oduvaldo Vianna

1937: Um Dia nas Corridas (A Day at the Races), de Sam Wood

1938: Dance Comigo (Carefree), de Mark Sandrich

1939: O Mágico de Oz (The Wizard of Oz), de Victor Fleming

Anos 1940

1940: O Rei da Alegria (Strike Up the Band), de Busby Berkeley

1941: Ao Compasso do Amor (You’ll Never Get Rich), de Sidney Lanfield

1942: A Canção da Vitória (Yankee Doodle Dandy), 

1943: Um Bravo Rapaz (Novgorodtsy), de Boris Barnet

1944: Um Sonho em Hollywood (Hollywood Canteen), de Delmer Daves

1945: Não Adianta Chorar, de Watson Macedo

1946: Caídos do Céu, de Luiz de Barros

1947: Gran Casino, de Luis Buñuel

1948: Desfile de Páscoa (Easter Parade), de Charles Walters

1949: Quase no Céu, de Oduvaldo Vianna

Musicais no Anos 1950

1950: Casa, Comida e Carinho (Summer Stock), de Charles Walters

1951: Sinfonia de Paris (An American in Paris), de Vincente Minnelli

1952: Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain), de Stanley Donen e Gene Kelly

1953: Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes), de Howard Hawks

1954: Nasce uma Estrela (A Star is Born), de George Cukor

1955: Eles e Elas (Guys and Dolls), de Joseph L. Mankiewicz

1956: Alta Sociedade (High Society), de Charles Walters

1957: Cinderela em Paris (Funny Face), de Stanley Donen

1958: Gigi, de Vincente Minnelli e Charles Walters

1959: Porgy & Bass, de Otto Preminger e Rouben Mamoulian

Anos 1960

1960: Dos hijos desobedientes, de Jaime Salvador

1961: Amor Sublime Amor (West Side Story), de Jerome Robbins e Robert Wise

1962: Vendedor de Ilusões (The Music Man), de Morton DaCosta

1963: Adeus, Amor (Bye Bye Birdie), de George Sidney

1964: Os Guarda-Chuvas do Amor (Les parapluies de Cherbourg), de Jacques Demy

1965: A Noviça Rebelde (The Sound of Music), de Robert Wise

1966: Na Onda do Iê-Iê-Iê, de Aurélio Teixeira

1967: Hong Kong Nocturne (Xiang jiang hua yue ye), de Umetsugu Inoue

1968: Oliver!, de Carol Reed

1969: Alô, Dolly! (Hello Dolly), de Gene Kelly

Anos 1970

1970: A Moreninha, de Glauco Mirko Laurelli

1971: Um Violinista no Telhado (Fiddler on the Roof), de Norman Jewison

1972: Cabaret, de Bob Fosse

1973: Jesus Cristo Superstar (Jesus Christ Superstar), de Norman Jewison

1974: Mame, de Gene Saks

1975: The Rocky Horror Picture Show, de Jim Sharman

1976: Os Ciganos Vão para o Céu (Tabor ukhodit v nebo), de Emil Loteanu

1977: New York, New York, de Martin Scorsese

1978: Grease: Nos Tempos da Brilhantina (Grease), de Randal Kleiser

1979: O Show Deve Continuar (All That Jazz), de Bob Fosse

Musicais nos Anos 1980

1980: Os Irmãos Cara de Pau (The Blues Brothers), de John Landis

1981: Dinheiro do Céu (Pennies from Heaven), de Herbert Ross

1982: Pink Floyd: The Wall, de Alan Parker

1983: Yentl, de Barbra Streisand

1984: Ruas de Fogo (Streets of Fire), de Walter Hill

1985: Chorus Line: Em Busca da Fama (Chorus Line), de Richard Attenborough

1986: Ópera do Malandro, de Ruy Guerra

1987: De Volta à Praia (Back to the Beach), de Lyndall Hobbs

1988: Super Xuxa Contra o Baixo Astral, de Anna Penido e David Sonnenschein

1989: As Coisas do Querer (Las cosas del querer), de Jaime Chávarri

Anos 1990

1990: Cry-Baby, de John Waters

1991: Symphonia Colonialis, de Georg Brintrup

1992: Extra! Extra! (Newsies), de Kenny Ortega

1993: O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas), de Henry Selick

1994: O Rei Leão (The Lion King), de Roger Allers, Rob Minkoff

1995: Paris no Verão (Haut bas fragile), de Jacques Rivette

1996: Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You), de Woody Allen

1997: Amores Parisienses (On connaît la chanson), de Alain Resnais

1998: Mulan, de Tony Bancroft e Barry Cook

1999: Topsy-Turvy: O Espetáculo (Topsy-Turvy), de Mike Leigh

Anos 2000

2000: Dançando no Escuro (Dancer in the Dark), de Lars von Trier

2001: The Happiness of the Katakuris (Katakuri-ke no kôfuku), de Takashi Miike

2002: Chicago, de Rob Marshall

2003: A Música Mais Triste do Mundo (The Saddest Music in the World), de Guy Maddin

2004: O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera), de Joel Schumacher

2005: Romance e Cigarros (Romance & Cigarettes), de John Turturro

2006: Dreamgirls: Em Busca de um Sonho (Dreamgirls), de Bill Condon

2007: Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street), de Tim Burton

2008: Mamma Mia! O Filme (Mamma Mia!), de Phyllida Lloyd

2009: Nine, de Rob Marshall

A série 1 Década 10 Filmes é publicada sempre nas segundas quintas-feiras do mês.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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