Crítica | Streaming e VoD

Meus Sogros Tão pro Crime

Mais do mesmo

(The Out-Laws, EUA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Comédia
  • Direção: Tyler Spindel
  • Roteiro: Ben Zazove, Evan Turner
  • Elenco: Adam Devine, Pierce Brosnan, Ellen Barkin, Nina Dobrev, Michael Rooker, Poorna Jagannathan, Richard Kind, Julie Hagerty, Blake Anderson, Lauren Lapkus, Lil Rel Howery, Dean Winters, Laci Mosley
  • Duração: 95 minutos

Se tem uma coisa que pode gerar uma certa preguiça na hora de assistir a um filme é o nome Happy Madison nos créditos. A produtora de Adam Sandler está há anos investindo em comédias, nem sempre errando a mão completamente, mas com uma evidente dificuldade em sair da zona de estagnação. Meus Sogros Tão pro Crime, a última empreitada, agora em cartaz na Netflix, é mais um exemplo dessa mesmice. Buscando inspiração no humor pelo constrangimento tão comum em tramas onde o genro vai conhecer seus sogros, celebrizada por Jay Roach com Entrando Numa Fria, e apostando na ação dos filmes de roubo, o longa fracassa no desenho dos personagens, em especial quando se pensa nas mulheres, e não traz absolutamente nada de novo. 

A história é a de Owen Browning, um gerente de banco normal e bobão bem padrão. Filho de pais superprotetores e chacota dos colegas, ele está prestes a se casar com Parker McDemutt, uma simpática instrutora de yoga. Acontece que, só depois muito tempo, com a chegada do casamento, ele vai ter a oportunidade de conhecer os sogros, Billy e Lilly. Os dois vêm para a festa e eles têm pouco tempo para se conhecer até que o banco seja assaltado e uma supervilã apareça para complicar as coisas.

Meus Sogros Tão pro Crime
Scott Yamano/Netflix

Em mais uma concepção antiquada, a direção de Tyler Spindel e o roteiro de Ben Zazove e Evan Turner podem estar falando da coisa mais inovadora e até da tecnologia mais avançada em segurança de bancos, mas o que se apresenta é um filme que poderia ter sido feito no início dos anos 2000. Obviamente que há, aqui e ali, algumas boas ideias, piadas funcionais e até sequências pomissoras, mas nada que vá muito além da promessa.

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A falta de unidade do roteiro dificulta bastante. O nonsense esbarra na apatia e em uma falta de elementos básicos que não deixam a trama evoluir equilibradamente. São muitas coisas aleatórias, desde a própria relação da família McDermutt, que não faz sentido dada a ausência prévia; até besteirinhas, como uma centopeia no jardim. Meus Sogros Tão pro Crime deixa sempre a impressão de não saber muito bem onde se situar. Às vezes quer ser uma comédia de ação tradicional, às vezes um besteirol, e vai se encaixando naquilo que faz mais sentido ali na hora.

Meus Sogros Tão pro Crime
Scott Yamano/Netflix

Com especiais de stand-up, entre eles um do tenebroso Rob Schneider, e A Missy Errada no currículo, Spindel tem uma direção ainda esquética e muito dependente do texto. O longa até ganha força nas passagens de ação e cresce em momentos específicos, porém, a fixação em piadas infantis, como medo de encostar na bunda, costas peludas, ou mesmo achar que é super revolucionário uma mulher virar numa mesa, num almoço aleatório, e dizer que participou de uma orgia, é inegável. Assim como mini cachorrinhos e a fantasia de Shrek, que são divertidos, mas não por tanto tempo assim.

O que realmente sustenta Meus Sogros Tão pro Crime é o bom elenco. Adam Devine é dedicado e tem ao seu lado nomes de peso como Pierce Brosnan, Ellen Barkin, Michael Rooker, Richard Kind e Julie Hagerty, além de Nina Dobrev, Lauren Lapkus e uma inspiradíssima Poorna Jagannathan como a estilosa vilã Rehan. Mesmo com todas as limitações do roteiro e a pouca atenção aos seus personagens, todos têm os seus momentos.

No fim das contas, é um filme que não chega perto daquilo que poderia ter sido, mas, para quem não está esperando nada depois de ter visto os créditos iniciais, sendo mais do mesmo, até pode funcionar. 

Um grande momento
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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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