- Gênero: Ficção
- Direção: Tony Mucci
- Roteiro: Tony Mucci, David Mazouz
- Elenco: Francesca Scorsese, Zolee Griggs, Ethan Cutkosky, David Mazouz, Bo Dietl, Sean Pertwee, Fredro Starr, Natalie Shinnick, Tyler “Hook” Senerchia, Jaxon Cain, 24KGoldn, Swoosh God, Claudia Robinson, Keshen Dawson
- Duração: 33 minutos
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A força de Money Talks está no ponto de partida. A lógica do follow the money nunca foi só um método investigativo, mas uma forma de enxergar o mundo pelo que ele revela quando a gente observa quem toca no dinheiro, quem perde, quem disputa, quem precisa. Seguir a nota de cem dólares pela Nova York de 1981 é, em tese, seguir também as fraturas de uma cidade às vésperas de um novo ciclo político, onde cada mão que segura a cédula carrega uma urgência diferente. A ideia é simples e potente. Poderia render um curta seco, cortante, desses que expõem o sistema no gesto.
E o filme até demonstra que entende isso no começo. A narrativa não desperdiça tempo e, em 33 minutos, consegue dar a sensação de que percorreu mais terreno do que seria esperado. Há uma agilidade que funciona, um ritmo que evita que os episódios pareçam soltos ou improvisados. Visualmente, a câmera busca uma vibração que lembra cinema de rua, com aquela energia urbana meio suja que combina com a Nova York pré-Reagan. É uma estética que tem intenção e presença.
Só que a execução não acompanha sempre o tamanho da proposta. A cada troca de mãos, Money Talks hesita entre a crônica social, o retrato rápido de personagens e uma ambição de mosaico que exige um rigor que o filme não domina. A cidade pulsa, mas a narrativa nem sempre acompanha esse ritmo. O excesso de personagens e situações cria a sensação de que o curta poderia ser maior do que é, mas não porque a história pede mais tempo. É porque a costura entre os trechos não tem força suficiente para manter tudo no mesmo fôlego.
As interpretações, mesmo breves, dão textura ao conjunto e ajudam o filme a parecer mais vivo do que o roteiro sustenta. Alguns personagens entram e saem deixando a impressão de que havia um mundo inteiro por trás deles, mas o curta não tem espaço nem precisão para transformar esses lampejos em algo mais consistente. É nessa disputa entre ambição e economia de tempo que o filme perde terreno. A estrutura quer amplitude, mas a condução não sustenta.
Com sua montagem espertinha, o filme tem momentos que sobrevivem, enquadramentos que capturam bem a dureza da época e personagens que se sobressaem, mesmo em poucos segundos. Tudo, porém, espalhado num espaço que pede mais rigor do que entusiasmo. A proposta de seguir o dinheiro acaba sendo mais forte do que a maneira como o curta acompanha o trajeto. Money Talks aponta para algo grande, mas não chega lá. Mesmo assim, alguns momentos isolados funcionam, embora o filme não consiga transformá-los em algo mais consistente.
Um grande momento
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