Crítica | FestivalMostra SP

Experimentos

(Experimenter, EUA, 2015)

Drama
Direção: Michael Almereyda
Elenco: Peter Sarsgaard, Winona Ryder, Taryn Manning, Anton Yelchin, Kellan Lutz, John Leguizamo, Lori Singer, Anthony Edwards, Dennis Haysbert, Josh Hamilton, Jim Gaffigan, Ned Eisenberg
Roteiro: Michael Almereyda
Duração: 98 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

No início da década de 60, o psicólogo Stanley Milgran desenvolveu uma experiência curiosa de estudos sociais que testava os limites da obediência humana. A experiência, conhecida como Experiência de Milgran, consistia em uma pessoa passando-se por professor e uma outra – esta parte da equipe do acadêmico – trancada em uma sala, assumindo o papel do aluno. O primeiro, sem saber que tudo não passava de uma encenação, deveria dar choques no segundo cada vez que ele respondesse errado a uma das questões pré-determinadas. Na mesma sala, um homem representava a autoridade e mandava que o “professor” continuasse com os castigos.

O objetivo do estudo era comprovar que as pessoas, mesmo que tenham posições individuais diversas e se sintam mal por executar determinadas ações, continuam fazendo-o pelo simples fatos de estarem obedecendo ordens. A motivação era compreender a atuação de pessoas comuns e bem ajustadas em crimes como os ocorridos durante o holocausto, quando mais de seis milhões de judeus foram assassinados durante a Segunda Guerra Mundial.

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Com uma estrutura tradicional, que se repete bem mais do que deveria, Experimentos tem toda a sua força na história que conta. Os experimentos do psicólogo e também professor são interessantes por sua fácil associação ao cotidiano de todos que veem o filme. Interessante também é todo o jogo de poder por trás das rejeições do resultado da Experiência de Milgran.

A história é contada pelo próprio protagonista, usando o velho método de derrubar a quarta parede para buscar uma aproximação com o público e para tornar o filme de alguma maneira mais inventivo. Aquilo que parece funcionar em um primeiro momento, vai perdendo sua força e seu interesse no decorrer do longa-metragem.

Michael Almereyda (Hamlet) parece não ter muitos problemas com as atuações pelo elenco escolhido. Milgrin é vivido por Peter Sarsgaard (Lovelace) e sua esposa Sasha, por Winona Ryder (Cisne Negro), em atuações corretas. Outros rostos conhecidos também aparecem na tela e não comprometem.

Porém, o diretor americano acaba se perdendo na tentativa de fazer algo muito diferente e fracassando nas tentativas. O filme, no final das contas, não tem cara de programa televisivo e nem de cinema.

O que fica mesmo são as experiências de Milgrin e que puderam, inclusive, ser constatadas em um outro filme da Mostra de São Paulo deste ano. O campeão de abandono de sala foi o russo Sob Nuvens Elétricas, e era curioso observar que bastava uma pessoa se levantar para sair da sala, para que outras muitas a acompanhassem.

Curioso para se conhecer os estudos sociais de alguém que deveria ser muito mais conhecido do que é na verdade.

Um Grande Momento:
O primeiro teste.

Experimentos_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=O1VOZhwRvWo[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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